Aluguel por assinatura de carros, moradia e roupas




Aluguel por assinatura de carros, moradia e roupas


A ideia trazida pelos millenials leva pessoas de todas as idades e classes sociais a optarem pelo uso ao invés da compra

A montadora francesa Renault anunciou o lançamento de um serviço de assinatura de veículos no Brasil com preços a partir de R$ 869 por mês. A notícia chamou atenção não por ser novidade – Volkswagen e Toyota, entre outras marcas, já possuem programas similares, mas por reforçar a ideia de que, ao contrário do que pregava o comercial de televisão, o desejo de ter está dando lugar ao aluguel por assinatura.

A tendência de substituição da compra pelo uso é mundial e já tem alguns anos. Segundo o autor e estudioso das gerações Mark McCrindle, esse é um comportamento diretamente ligado à chegada à fase adulta dos millenials, os nascidos entre 1981 e 1994, que hoje representam 34% da população brasileira, cerca de 70 milhões de pessoas.

Essa geração conhecida como Y, trouxe consigo a era da imaterialização, marcada pela falta de desejo de adquirir bens materiais.

“É uma geração que valoriza o consumo consciente, o comprometimento das marcas com sustentabilidade e com causas sociais e ambientais”, diz a psicóloga clínica, Glauciane Alves. “O compartilhamento de bens é a nova tendência do mercado dessa geração, que já influencia as gerações anteriores”.

Brasileiro está aderindo ao compartilhamento

Uma pesquisa realizada em todas as capitais do país pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostrava 81% dos brasileiros estão dispostos a adotar mais práticas de consumo colaborativo, sendo que o percentual era próximo em todas as faixas etárias e classes sociais.

Em um levantamento realizado um ano antes, o percentual havia sido de 68%. O aumento, segundo os realizadores da pesquisa, se deve à influência da tecnologia, com a internet e as redes sociais colaborando para desenvolvimento da confiança das pessoas no modelo colaborativo.

“A economia compartilhada une dois propósitos, que é fazer o orçamento render e contribuir para um mundo melhor, a partir do uso racional de bens e serviços. A internet ampliou esse movimento, colocando essas pessoas em contato por meio de sites e aplicativos”, afirmou o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli.

Na opinião de Marcio Kumruian, a pandemia potencializou o interesse. “A tecnologia e a evolução do mundo já vinham provocando uma transformação de comportamento na sociedade e a pandemia acabou acelerando alguns novos hábitos que seriam naturais ao longo do tempo, como o de se procurar por assinaturas de produtos em detrimento da aquisição”, diz.

A tendência é que esse interesse não diminua, na medida em que as experiências positivas de aluguel por assinatura transformem seus usuários em advogados da causa.

Essa é a expectativa de Kumruian. “É natural que, mesmo após a pandemia, boa parte das pessoas que iniciaram uma atividade física em casa mantenham o hábito, pela facilidade de adaptação na rotina e comodidade de ter acesso a tudo o que você precisa no conforto do seu lar”, afirma. Outros seguimentos do mercado também apostam nisso.