A vitamina D é um pró-hormônio que associado ao paratormônio (PTH), atua como importante regulador do metabolismo ósseo. A principal fonte de produção da vitamina D se dá por meio da exposição solar, pois os raios ultravioletas do tipo B (UVB) são capazes de ativar a síntese dessa substância. Alguns alimentos, especialmente peixes gordos ( salmão, atum, cavala, arenque, sardinha ) são fontes dessa vitamina, porém representam apenas 10%, os outros 90% são obtidos através da síntese cutânea após a exposição solar, que deve ser realizada, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, por 5 a 10 minutos todos os dias, a fim de sintetizar a vitamina D.
“Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM, 2014 ), a vitamina D tem como papel fundamental a manutenção da massa óssea, porém, alguns estudos têm sugerido que ela pode influenciar também o sistema imunológico.
Sua deficiência (hipovitaminose D) pode estar relacionada com o desenvolvimento de doenças autoimunes, como diabetes mellitus insulinodependente, esclerose múltipla, doença inflamatória intestinal, lúpus, encefalite autoimune e artrite reumatoide.
Diante dessas associações, sugere-se que a vitamina D seja um fator extrínseco, que pode ser capaz de afetar a prevalência dessas doenças. Contudo no momento ainda não é possível comprovar a relação causa-efeito, sendo necessária a realização de mais estudos”, explicou Bianca Amaral, nutricionista do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).
Já para as gestantes o consumo da vitamina D é ainda mais essencial. De acordo com a SBEM (2014) e com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP, 2016), a gestação é considerada um período crítico e a deficiência desta vitamina, neste período, pode estar associada ao desenvolvimento de diabetes mellitus gestacional, vaginose bacteriana, pré-eclâmpsia, baixo peso do recém-nascido, além de se relacionar também com alguns desfechos tardios, como baixa massa óssea e aparecimento de marcadores de risco cardiovascular nas crianças em idade escolar.
“Além disso, durante a gestação, a vitamina D tem sido apontada como essencial para o equilíbrio do cálcio e do fósforo, tanto no organismo materno, como no fetal. Na gestante com risco de deficiência, o tratamento pode trazer benefícios para a mãe e para o recém-nascido. Quando existe suspeita de deficiência de vitamina D, o tratamento com as doses mais elevadas continua indicado, mas preferencialmente em tomadas diárias. As doses nunca devem ser excessivas, a indicação e o acompanhamento devem ser realizados por um médico junto ao nutricionista”, esclareceu Marcela Knibel, nutricionista do IFF.
Para as lactentes, as nutricionistas ressaltam que as fontes alimentares de vitamina D não conseguem suprir as necessidades dessa vitamina. “Em lactentes, o leite materno, que é o melhor alimento para o recém-nascido, possui baixas concentrações de vitamina D, mesmo que a puérpera tenha uma boa ingestão desta vitamina. Desta forma, a SBP (2016) recomenda a suplementação de crianças em aleitamento materno exclusivo, iniciando logo após o nascimento, com dose de 400 UI/dia”, explicou Alessandra Araújo, nutricionista do IFF.
“De acordo com a SBEM (2014) e a SBP (2016), a hipovitaminose D é um problema mundial e o Brasil apresenta uma taxa elevada em diversas faixas etárias. É importante enfatizar que é considerada população de risco para hipovitaminose D, pacientes com raquitismo ou osteomalácia, portadores de osteoporose, síndromes de má-absorção (fibrose cística, doença inflamatória intestinal, doença de Chron, cirurgia bariátrica), insuficiência renal e hepática, medicações que interfiram no metabolismo de vitamina D ( anticonvulsivantes, colestiramina, glicocorticoides, antifúngicos, antirretrovirais, orlistat ), doenças granulomatosas, linfomas, idosos com história de fraturas, gestantes e lactentes, e obesos. Desta forma, a recomendação da SBEM é que nesta população seja realizado o colecalciferol, que é o exame adequado para identificar a deficiência de vitamina D”, alerta Alessandra Araújo.
As nutricionistas enfatizam que a vitamina D deve ser consumida dentro das quantidades recomendadas por faixa etária e a suplementação feita de acordo com a necessidade. Desta forma, assim como o exame não é indicado para a população em geral, a suplementação generalizada de vitamina D também não é. Lembrando que em algumas faixas etárias essa suplementação pode acontecer como preventiva, através de reposição oral, e deve ser acompanhada por um médico ou um profissional nutricionista, com indicação criteriosa, baseada em necessidades individuais, considerando grupos de risco ou carência previamente detectada. Os benefícios desse tipo de tratamento são mais evidentes para a população de risco.
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