Com a chegada do inverno, um coletivo de mulheres chamado Meio Fio está oferecendo gratuitamente gorros para pessoas em situação de rua. O grupo, de arte têxtil urbana, se reúne todas as semanas para confeccionar as toucas, que são disponibilizadas em pontos estratégicos da cidade para que as pessoas possam simplesmente pegar uma e se aquecer.
“Uma vez por mês, realizamos um projeto ligado a organizações não governamentais, escolas e espaços de saúde de forma gratuita, reproduzindo ações realizadas em empresas ou espaços de cultura, como oficinas e instalações. Essa ideia corresponde à vertente de sustentabilidade social do coletivo também no aspecto de reutilização de fios e matéria prima”, explica a integrante do Coletivo Meio Fio, Carol Stoppa.
Segundo ela, o projeto nasceu como uma variação desse tipo de proposta para os meses de junho e julho, quando o inverno na capital paulista é mais rigoroso. Junto desde 2015, o grupo de sete mulheres se encontra às terças-feiras, em um café no centro da cidade, e produz as peças com fios excedentes de outras ações do grupo. Os encontros são abertos e quem quiser pode participar.
“Nos encontros abertos, pra quem não sabe [tricotar], estamos dispostas a ensinar. Essa é a magia do fazer manual: passar os ensinamentos de um para o outro, trocar e promover encontros e grupos, além do ato de conseguir realizar a confecção de uma peça por inteiro. Todo esse processo inverte a lógica fabril e nos reconecta com o tempo”, considera Carol. Ela explica que a escolha por toucas ocorreu pela facilidade e pelo tempo de feitura, além de poder ser realizada em diversas técnicas, como crochê, tricô ou tear de pregos.
Após confeccionados, os gorros são colocados em sete pontos na região central, Zona Oeste e em Santo André, no ABC paulista. As toucas são penduradas com uma placa em paredes, pontos de ônibus, árvores e postes. As madeiras são doação de marceneiros e a arte com a mensagem “Bateu aquele vento gelado? Troque o frio por uma touca! Pegue uma e leve com você” é da artista Amanda Favalli. Os parceiros trabalharam de forma solidária ao projeto.
“Uma coisa bacana que tem acontecido é a escolha dos lugares que as placas são colocadas. Elas estão, de forma inusitada, ligadas a espaços comerciais. Assim, esses comerciantes vigiam a placa e, mais do que isso, passam a conhecer e conversar com a vizinhança, promovendo laços de coletividade”, frisa a integrante do coletivo.
Confira os pontos de retirada de gorros em São Paulo: Rua Doutor Alberto Seabra, 514, Vila Madalena; Praça Olavo Bilac, Campos Elíseos; Rua Fradique Coutinho, 678, Pinheiros; Rua Pamplona, 1743, Jardim Paulista; Rua Dom José de Barros, 152, República; Rua Pedro Inácio de Araújo, 201, Rio Pequeno; Avenida Capuava 540, Vila Homero Thon, Santo André.
Os encontros abertos acontecem todas as terças-feiras, às 18h30, no Café Por um Punhado de Dólares (Rua Nestor Pestana, 115, Consolação). Mais informações sobre o coletivo podem ser acessadas no site www.coletivomeiofio.com.
Ludmilla Souza da Agência Brasil
Edição: Paula Laboissière