Vantagens da economia colaborativa




Descubra o que é a economia colaborativa e as maravilhas que ela pode fazer pela sua vida pessoal e profissional, com exemplos reais e elucidativos.

O que é : Como ela pode mudar vidas

A economia colaborativa (compartilhada ou em rede, como também é conhecida) é um movimento de concretização de uma nova percepção de mundo. Ela representa o entendimento de que, diante de problemas sociais e ambientais que se agravam cada vez mais, a divisão deve necessariamente substituir o acúmulo. Trata-se, assim, de uma força que impacta a forma como vivemos e, principalmente, fazemos negócio.

Como exemplo de empresas que facilitam o compartilhamento e a troca de serviços e objetos, podemos citar Uber e Airbnb, que fazem muito sucesso. É uma prova de como a adesão a essa tendência global está longe de atingir um ápice, sendo muito versátil.

A vida compartilhada

Seja para poupar, seja para levantar alguma renda extra, hoje praticamente não há limites para o compartilhamento. O fotógrafo paranaense Gustavo Benke, mencionado na Exame, é um exemplo disso.

O profissional consegue uma renda de até R$ 2,9 mil ao compartilhar a casa e oferecer trabalho em troca de serviços de outras pessoas. Acostumado a receber parentes, amigos e amigos dos amigos em sua casa de Curitiba, decidiu adotar o mesmo estilo de vida no espaço que aluga em Florianópolis, onde estuda.

A divisão do espaço traz benefícios para todo mundo: os hóspedes economizam com a estadia e a alimentação, e Gustavo recebe ajuda nas despesas. Ele também mantém o hábito de trocar serviços fotográficos por bens ou serviços de que necessita.

Mas basta uma rápida pesquisa para você perceber que esse estilo de vida não tem nada de novo.

De acordo com Tomás de Lara, cofundador da Engage e do Catarse, o fenômeno da economia colaborativa é ancestral: “Povos indígenas e comunidades já tinham isso de compartilhar, de acessar as coisas dos outros, de trocar”, explica.

A novidade é a forma massiva como o fenômeno passou a ocorrer em 2008 e 2009, graças aos avanços tecnológicos. “A partir de então, todo mundo, de forma muito rápida e quase que barata, pôde fazer transações e se geolocalizar, se encontrar e saber da melhor forma de usar um recurso”, afirma.

Poder social sem precedentes

Desde então, a Internet 2.0 vem permitindo que a população global assuma um “poder social” como jamais visto antes. Graças à força da colaboração, transformações importantes ocorreram e vêm ocorrendo.

A Primavera Árabe é um exemplo disso. Assim como Gustavo Benke escolheu compartilhar sua casa, o egípcio Mahmoud Sharif resolveu se levantar contra o longevo e repressivo regime de Hosni Mubarak. Graças a uma imensa rede de compartilhamento, juntou-se a milhares de pessoas na Praça Tahrir, e os resultados são conhecidos mundialmente.

Um furo na parede em vez de uma furadeira

Os exemplos acima ilustram o imensurável alcance da economia colaborativa, sem dúvida. Mas o tema aqui não é geopolítica. Queremos, antes, que você tenha ideia da importância do assunto e que consiga aproveitar as oportunidades oferecidas nesse novo contexto, no qual as pessoas “não precisam mais de uma furadeira, mas de um furo na parede”, como diz Tomás de Lara.

Neste artigo do portal Entrepreneur, o Venture Capitalist Tx Zhuo lista boas práticas que podem ajudar você a nadar de braçada na economia colaborativa.

Mantenha os custos fixos baixos

De acordo com Zhuo, com o tempo a tecnologia derrubará os custos em geral. Isso significa que as empresas bem-sucedidas serão aquelas que organizarem melhor suas estruturas financeiras. Diminuir o número de funcionários permanentes e terceirizar atividades periféricas podem ajudar.

Em vez de reinventar a roda, procure-a em parceiros

Zhuo dá o exemplo da ChowNow, empresa norte-americana que oferece gerenciamento de pedidos online a restaurantes. Em vez de construir sua própria plataforma de delivery, a ChowNow desenvolveu uma parceria com a Uber para realizar as entregas, e os resultados têm sido ótimos.

Foque o relacionamento de longo prazo

Zhuo conta que, agora que as margens para compartilhamento são estreitas, as empresas precisam dar prioridade para relações duradouras com os clientes. Para tanto, ele sugere proporcionar grandes experiências de consumo ao público.

Exemplos

Investindo em empresas que se complementam: o exemplo da Axial Holding

Já mencionamos Uber e Airbnb como exemplos de que essas boas práticas funcionam, e ambos já foram objeto de muito estudo. Por isso, ao procurar por um case que represente o tema, preferimos abordar a questão a partir de outro viés: o offline. E por meio de um setor bastante competitivo de nosso país, o agronegócio.

Espécie de fundo de private equity (capital próprio) focado em empresas e instituições do agronegócio orgânico, a Axial Holding tem um importante diferencial: o seu portfólio se autoalimenta, ou seja, as empresas investidas exercem atividades que se complementam, colaborando umas com as outras.

Por exemplo: na carteira da Axial está a Fazenda Tamanduá, de cultivo de produtos agrícolas e produção de pecuária orgânica.

Caso precisem de microcrédito, os produtores podem recorrer a outra empresa investida, o Instituto Estrela, que dá empréstimos a pequenos empreendedores individuais que não têm acesso ao sistema bancário convencional.

E, se for necessário promover o melhoramento genético da soja, os agricultores podem contar com a Naturalle, empresa voltada à pesquisa do grão, além de produtividade, adaptação regional e resistência a pragas e enfermidades.

Ao investir em empresas que colaboram entre si, a Axial está contribuindo para reformular a cadeia produtiva do setor de orgânicos. E um dos mais significativos resultados desta filosofia é a Rio de Una, outra aposta do fundo.

A empresa atua no processamento (lavagem, corte, higienização e embalagem) de frutas, legumes e vegetais (tanto orgânicos quanto convencionais). A filosofia colaborativa está na essência dos processos, já que os mais de 120 pequenos agricultores familiares que compõem a base produtiva da Rio de Una recebem assistência técnica e têm a compra de sua produção garantida o ano todo.

Pela planta industrial da empresa passam mensalmente mais de 200 toneladas de hortaliças e legumes, que são transformados em saladas e atendem o mercado de varejo e foodservice em todo o Brasil.

Os princípios da economia colaborativa estão influenciando uma cadeia não só de produção, mas também de investimentos. 

Prova disso também são as empresas, que valem US$ 17 bilhões, os 60 mil funcionários que elas empregam e os US$ 15 bilhões que receberam de investimento (de acordo com este artigo da Forbes). E, a julgar pelo interesse do público em geral, esse bolo só tende a crescer.