Prudentes cavalos



Nossa terra é permeada de heróis, talvez tenhamos a tradição de cultivar a memória de nossa pequena história pela influência da conquista dos espanhóis e portugueses depois franceses e agora tantos outros.

Vivemos miscigenando a procura da raça ideal, a referência principal de nossa existência, a semente de nossa origem. Perpétuo sonha nas janelas onde a lama de Brumadinho não escorra mais nestas lindas paragens onde a vida humana tenha maior valor e acolhimento e oportunidade justa, sempre me pergunto porque escolhem as mais lindas paisagens para usinas barragens experimentos científicos.

Das janelas do Palácio, Perpétuo pode avistar além dos minaretes o azul
infindo que pinta ao léu esperança. Todas as rezas e crenças no intuito de afastar o mal, e todos os desalentos, azares aromatizam os corredores do poder, que se desenha como tábua de xadrez preto e branco.

Nunca mais seremos os mesmos depois das guerras dos desenganos, nossas cicatrizes atingem as ruas esburacando sonhos, nossas tristezas mágoas escondem o colorido das partituras nesta cidade das artes. Nossas praças e ruas já foram razão da criação musical, feiras livres manifestações culturais. Ao contrario de Perpétuo que apenas observa, sonha, Chapéu-de-cobra é prático, entende que a alegoria do pensamento é o chapéu. Além da proteção de lambuja insere no quadro a palavra respeito. Em terra de heróis nada melhor do que um chapéu e uma boa conversa no liquidificador falácias.

Vivemos um tempo confuso carregados de promessas não cumpridas nem cultivadas. Nossos cavalos brancos seguem pelas ruas desertas, das mãos do poder, a jarra de barro das dúvidas. Os querubins sobrevoam nossos limites enquanto esperançosos aguardamos a balança dos justos. Minha enunciação afetiva traduz toda a vontade de trilhar nosso jardim com o vigor das manhãs. Busca um solzinho de outono, um violino na praça, alguém cantando uma canção popular um palco ao ar livre incentivando o que temos de melhor, as artes. A cidade é o jardim do poder, pensa Perpétuo, vagando pelo corredor cinzento do palácio. A relação com nosso jardim é de cuidado, Simples, olhar de fora pra dentro, um olhar ao bem comum, equidade nos desenhos da sociedade tão diversificada.

Crédito:
Gato Preto