Os empreendedores precisam escolher entre dois caminhos



Os empreendedores precisam escolher entre dois caminhos: trabalhar para atender as necessidades de um mundo digital, ou focar em todas as coisas que os computadores não podem fazer, que envolvem experiência, empatia, hospitalidade.

7 tendências para o mercado de trabalho do futuro

Essa é uma das teorias defendidas pelo sociólogo e antropólogo holandês Carl Rohde, diretor da Science of Time, agência de inovação que presta consultoria para empresas como Nike, Toyota e Unilever. Ele esteve no Brasil para participar do evento Food for Thought, promovido pela Mutant University - uma iniciativa da Mutant, empresa que desenvolve soluções tecnológicas para empresas como foco em Customer Experience. Em entrevista exclusiva a PEGN, Rohde falou sobre sete tendências que afetam o mundo dos negócios hoje.

1. Globalização Se alguém te disser que o mundo é redondo, esqueça. Hoje ele é um lugar achatado. Durante muito tempo, foi um triângulo: no topo, ficavam os Estados Unidos e a Europa; na base, os países em desenvolvimento. Isso acabou. Hoje todos estão em pé de igualdade. Qualquer empreendedor, em qualquer parte do mundo, com uma boa ideia e e uma boa conexão com a internet, pode entrar na briga por um mercado. São tempos excitantes, com muitas possiblidades, mas também muita competição.

2. Império do software A humanidade passou por duas grandes revoluções ligadas às máquinas. Na primeira, elas tomaram conta do trabalho físico, nas linhas de produção. Agora, as máquinas estão tomando conta do trabalho intelectual, tomando conta dos nossos cérebros. Temos máquinas nos dizendo onde ir, o que comprar, com quem falar, como nos comportar. Temos softwares e aplicativos para todo tipo de coisa que você possa imaginar. As Cortonas e Alexas desse mundo estão tomando conta de tudo. Então você tem duas opções: pode se alinhar com a cultura digital, e aí tentar criar soluções que contribuam para essa revolução, ou pode ir no sentido contrário, trabalhando com experiência.

3. Economia da experiência Uma opção interessante para os empreendedores é focar em todas as coisas que os computadores não podem fazer. Smartphones podem fazer um monte de coisas, mas não podem oferer empatia, criatividade, afetividade. Então há espaços para quem souber investir em hospitalidade, autenticidade, trabalhos feitos à mão, turismo de experiência, comidas típicas. Há espaço para quem souber contar boas histórias, que sobreviveram ao teste do tempo.

4. Formação de identidade No passado, a sociedade te dizia quem você tinha que ser. Se era mulher, não podia votar, andar de carro, fundar um negócio. Se era homem, não podia ficar em casa e cuidar dos filhos. Hoje existe uma flexiblidade e uma liberdade muito maior. Cada um de nós pode escolher os elementos dentro de uma cesta enorme de possibilidades. Lucram todos os negócios que ajudam esse usuário a encontrar o seu lugar e se expressar de maneira criativa.

5. Corpos tecnológicos Parece ficção científica, mas já existem home várias indústrias desenvolvento tecnologias para aprimorar o ser humano, como um implante que torna alguém mais inteligente, por exemplo. Há muitas pesquisas no campo da genética, com algoritmos que ajudam a programar como será o seu bebê e evitar que desenvolva deerminadas doenças. Essa será uma área enorme no futuro. E deverá levantar muitas questões éticas.

6. Cidadãos engajados As pessoas não confiam mais em políticos e autoridades, sentem-se traídas, abandonadas. Mas isso gera um contraponto interessante. Em vez de ficar esperando por soluções das instituições públicas, elas mesmo se organizam para resolver. Cinco anos atrás, houve uma enorme colisão de trens na China, mas o governo dizia que nada havia acontecido. As pessoas usaram as redes sociais para divulgar fotos e expressar seu descontentamento. Na Inglaterra, temos sites como fixmystreets.com. Se o governo não faz, os cidadãos cobram.

7. Millenials A mídia gosta de falar dos millenials que estão no topo da pirâmide. Aqueles que estão bem financeiramente e podem se preocupar com coisas como propósito, experiência autenticidade etc. Quer dizer, é claro que existe uma parte da geração de 18 a 30 que pensa assim, os hipsters, que não se preocupam com dinheiro, só comer quinoa e mudar o mundo. Mas eles são minoria. A grande maioria, ignorada pelas pesquisas, é formada por pessoas sem recursos, que casaram cedo e têm que batalhar duro para sobreviver. Eles não têm emprego, não têm perspectivas, acham que todos os políticos são corruptos e tiram o seu dinheiro. Quando não levamos a sério esse grupo de millenials, acontecem coisas como Trump e Brexit. É preciso que a sociedade se organize para acolher esse grupo, e o empreendedorismo faz parte disso.

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