EUA e Brasil – Diferenças e semelhanças - Empreendededorismo



Carlos Barbieri (*)

Conceitualmente, empreendedorismo é a disposição de uma pessoa desenvolver seu negócio.

Muitos que escrevem sobre o tema comparam o empreendedor com o pintor e uma tela em branco, que antecede sua criação.

Richard Branson destaca o que ele chama de 5 “segredos”para o sucesso do 
empreendedorismo:

*Aprecie o que você faz ;

*Crie algo que se destaque ;

* Crie algo que as pessoas que trabalhem com você se orgulhem do trabalho e do negócio ;

Exerça liderança e Seja visível, converse, não fique atrás da mesa, aceite de bom grado 
sugestões.

Estas regras valem para empreendedores em qualquer parte do mundo, incluindo o Brasil e os EUA.

Adriane Pompo destaca que o empreendedor não “nasce” empreendedor e analisa as suas motivações.

Destacamos e todos concordam que o ambiente, as facilidades e dificuldades aumentam ou diminuem as chances de sucesso dos novos empreendimentos. Se, por um lado, a garra e a pertinácia dos empreendedores são fundamentais para o êxito, da mesma forma o pessimismo contribui para o ônus do insucesso. O legítimo empreendedor não se abate facilmente.

Nos EUA há uma cultura favorável ao empreendedor.

Viceja toda uma gama de incentivos para que a pessoa se arrisque em novos negócios, entre eles:

1.Financiamentos;

2.Apoio para fazer seu plano inicial de negócios (business plan);

3.Apoio às empresas de minorias;

4.Grupos de network em toda parte;

5.Entidades só para ajudar o micro e o pequeno empreendedor;

6.Abre-se uma empresa em 24 horas, via internet;

7.Não há legislação trabalhista que desestimula as contratações.

8.A pessoa jurídica não paga nenhum imposto a não ser sobre a renda;

9.Nas limitadas, nem paga, o resultado é repassado para a pessoa física dos sócios;

A limitação da responsabilidade é efetiva, não se estende à pessoa física do empreendedor;
O imposto sobre a folha de pagamentos atinge no máximo a 22% e a metade é de responsabilidade do funcionário;

Para fechar uma empresa, basta apenas não manifestar interesse em dar continuidade;
Desde que seja aberta nova pessoa jurídica, não há a “sucessão” de responsabilidade, mesmo que a empresa continue no mesmo lugar da anterior e na mesma atividade.

Em consequência, na maioria dos Estados não há, obrigatoriamente, o pagamento de 13º, aviso prévio, auxilio paternidade, férias remuneradas, adicional noturno, etc. Na prática, tudo existe, devido a acordo facultativo entre empregadores e empregados, pois interessa ao patrão manter um bom trabalhador e ao empregado ficar numa empresa que lhe valoriza. 
É a meritocracia no dia a dia da empresa.

E, o mais importante, o empreendedor é uma pessoa admirada, o vencedor é um herói social, o que ganha dinheiro é bem-vindo e parabenizado em todas as esferas sociais.

Sempre cito que nas reuniões que tive com o Governador Rick Scott ele fez as mesmas duas perguntas:

O que posso fazer para que vocês ganhem mais dinheiro?

O que posso fazer para que gerem mais empregos?

Ele sabe que isto é o que melhora a distribuição da renda, gera mais recursos para o Estado e aumenta, em termos reais, os salários.

No Brasil, levamos meses para abrir uma empresa e somos subjugados por uma legislação que poderíamos chamar de “injustiça” trabalhista. M
esmo que não tenham a menor participação ativa nos negócios, os sócios são eternamente e, no mais das vezes, injustamente, responsáveis por tudo que a empresa fez ou ficou devendo; 
mesmo sem ter culpa decidida judicialmente, os bens dos gerentes e proprietários estão sujeitos à penhora automática; 
só obtém financiamento aquele que prova não precisar de capital;

Mesmo assim, os juros são escorchantes, o que se paga nos EUA por ano, paga-se por mês no Brasil.

Em termos gerais, voltando aos aspectos comuns, vale dizer que se quisermos um Brasil empreendedor, gerador de empregos e riquezas, há muito a ser mudado na legislação, nas regras e na cultura.

(*) Carlo Barbieri é formado em Economia e em Direito, com cursos de extensão e especialização na Sorbonne, Harvard, MIT, FGV, Universidade de Brasília, entre outras, é CEO do Grupo Oxford (composto por empresas internacionais de consultoria e trading), Presidente do Brazil Club, membro do conselho da Deerfield Chamber of Commerce, Embaixador da Barry University no Brasil, membro do Conselho de Cidadãos, órgão de aconselhamento ao Consulado Geral do Brasil em Miami.