O Sul do país ampliou sua participação na construção civil. Houve expansão de 13,9% para 15,1% no pessoal ocupado. Outras regiões registraram queda Antônio Cruz/Agência Brasil
Todos os setores de atividade ligados à construção civil do país fecharam com números negativos no valor adicionado entre 2014 e 2015. Houve recuo no número de empresas ativas, na receita operacional líquida, no número de incorporações e nas construções contratadas por entidades públicas, que perderam participação entre um ano e outro.
A constatação é da Pesquisa Anual da Indústria da Construção – Paic 2015 - que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje (21), no Rio de Janeiro. Os empreendimentos realizados pelo indústria da construção somaram R$ 354,4 bilhões, queda de 16,5% em relação a 2014.
O mesmo aconteceu com a receita operacional líquida, que, ao fechar com movimentação de R$ 323,9 bilhões, também registrou retração de 18,7% em termos reais. Já o gasto com pessoal ocupado correspondeu a 33,3% dos custos e despesas dessas empresas. Já o salário médio mensal recuou 1,4%, passando de R$ 1.970,05 em 2014 para R$ 1.943,43 em 2015.
A pesquisa é importante fonte de informações estatísticas sobre o segmento empresarial da construção, fornecendo aos órgãos governamentais e privados subsídios para o planejamento e aos usuários em geral, informações para estudos setoriais mais aprofundados.
Variação negativa
A avaliação do IBGE é clara: “todos os setores de atividade tiveram variação negativa do valor adicionado entre 2014 e 2015. Além das construções contratadas por entidades públicas terem perdido participação de 2014 para 2015, as obras de infraestrutura, grupo de maior peso na construção, reduziram o valor de R$ 138,9 bilhões, em 2014, para R$ 106,9 bilhões, em 2015.”
Na avaliação do gerente da Pesquisa Anual da Indústria da Construção, José Carlos Guabyraba, os resultados da construção civil relativos a 2015 foram influenciados pela retração da economia brasileira, traduzida nos números do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todas as riquezas produzidas no país.
“Deve-se observar que a variação do PIB trimestral em 2015, em relação a 2014, foi de -3,8%, a maior retração da série histórica atual iniciada em 1996. A partir de 2014, o segmento da construção passou a refletir o ambiente de desaceleração da atividade econômica do país, evidenciado, no âmbito da demanda interna, pela perda de dinamismo do consumo das famílias, que apresentou queda de -3,9% em relação a 2014”.
Os números indicam, ainda, que havia 131,5 mil empresas ativas em 2015 que empregavam 2,4 milhões de pessoas. Este nível de ocupação do setor da construção, no entanto, foi meio milhão a menos do que em 2014.
A construção de edifícios se manteve em 2015 como o setor que mais contribuiu para o valor corrente, com R$ 165,7 bilhões das incorporações, obras e/ou serviços, com participação de 46,7%. Já a participação do gasto com o pessoal ocupado atingiu 33,3% nos custos e despesas dessas empresas, resultado 32,8% superior ao de 2014.
Desaceleração da atividade por setor
Para o IBGE, ao analisar o comportamento da construção civil a partir de 2014, deve-se registrar que “o setor passou a refletir o ambiente de desaceleração da atividade econômica do país como um todo. Não há como, ao avaliar os resultados da pesquisa em 2015, deixar de observar que a variação do PIB trimestral em relação a 2014 foi de queda de 3,8%, a maior retração da série histórica atual iniciada em 1996”, ressaltou o IBGE.
O instituto lembra que, a partir de 2014, o segmento da construção, ao refletir o ambiente de desaceleração da atividade econômica do país, evidenciou, no âmbito da demanda interna, “a perda de dinamismo do consumo das famílias, que apresentou queda de 3,9% em relação a 2014. Esse resultado também refletiu o aumento das taxas de juros e o menor volume de crédito ao setor”.
Quando analisado de forma segmentada, o setor mostra que a construção de edifícios se manteve como o item que mais contribuiu para o valor corrente (R$ 165,7 bilhões) das incorporações, obras e/ou serviços, com participação de 46,7% do total em 2015.
Embora registrando queda de 38,3% na participação da construção civil entre 2014/15, o segmento de obras de infraestrutura foi o segundo em termos de participação, com R$ 119,9 bilhões – o equivalente a 33,9% do total da contribuição do valor corrente em 2015.
Já o setor de serviços especializados para construção apresentou ganho de participação, passando de 17,9%, em 2014, para 19,4%, em 2015 – o equivalente a (R$ 68,7 bilhões).
Os números por regiões
Quando a Pesquisa Anual da Indústria da Construção se refere à atuação das empresas nas grandes regiões do país, as informações indicam que o Sudeste, a região mais populosa, urbanizada e industrializada, continuou apresentando a maior participação relativa, tanto no pessoal ocupado como no valor das incorporações, obras e/ou serviços da construção.
Ainda assim, a região perdeu participação no valor das incorporações, obras e/ou serviços da construção, na passagem de 2014 para 2015, caindo de 52,3% para 50,9%.
Já as Regiões Norte e Nordeste registraram queda no pessoal ocupado (de 7,7% para 7,1% e de 22,9% para 22,1%, respectivamente).
Enquanto na Região Norte houve uma leve queda no valor das incorporações, obras e/ou serviços da construção, que passou de 6,9% para 6,8% entre 2014 e 2015, na Região Nordeste houve ligeiro crescimento de 18,7% para 18,9%.
A Região Sul ampliou sua participação na passagem de 2014 para 2015, tanto no pessoal ocupado (de 13,9% para 15,1%), quanto no valor das incorporações, obras e/ou serviços da construção (de 12,8% para 14,5%).
A Região Centro-Oeste fechou 2015 com queda em ambas as comparações entre um período e outro. Perdeu 0,1 ponto percentual de participação no número de pessoal ocupado, que caiu de 7,9% para 7,8% e 0,4 ponto percentual no valor das incorporações, obras e/ou serviços da construção: de 9,3% para 8,9%.
Os produtos da construção, retratados pela pesquisa desde 2002, são os diversos tipos de obras e/ou serviços executados pelas empresas dessa atividade no ano de referência da pesquisa.
Nielmar de Oliveira da Agência Brasil
Edição: Kleber Sampaio