Formas de se comunicar, em tempos de internet: explanação do Assessor de Comunicação da Câmara aos Vereadores Mirins, na última sessão da Câmara Mirim em 2016, dia 12 de dezembro. Sílvio Kaél iniciou com uma dinâmica, em que motivou o grupo de estudantes a pensar rápido.
“Vimos dois exemplos claros de formas de se comunicar: o primeiro, em que pedi que vocês colocassem os dois pés dentro do quadrado. Por algum motivo, por exclusão, sempre escolhemos a maneira mais rápida de fazer comunicação. Desta forma a gente falha, e temos o “ruído da comunicação”, porque o interlocutor não conseguiu se comunicar com as pessoas que teriam que escutá-lo”.
Ao grupo, formado por adolescentes, ao mencionar que se vive no mundo das redes sociais, da internet, do Whatsapp, disse que para ele, isto é um problema, pois “a gente está muito imediatista, não estamos pensando”. Por exemplo: uma pessoa manda mensagem te desejando “bom dia”. Em resposta, tu escreves “B”. Outro exemplo: resumir a palavra “beleza” usando a expressão “blz”. Então, estamos diminuindo nossa forma de se comunicar, escrevendo errado em grande parte do tempo, porque a gente economiza palavras, economiza diálogo, se suprime etapas, para ser imediatista”.
Exemplo que citou: “Um contato que te mandou mensagem pelo Whatsapp, se em dez segundos tu não responderes, a pessoa que a encaminhou pensa que tu estás brabo com ela, que ela ainda não olhou o meu Whatsapp. Outro: o rapaz postou uma foto sua no Facebook, musculoso, na frente do espelho. Passaram-se dois minutos, ninguém curtiu, ele já está doente, pergunta o que houve, pensa que perdeu os amigos, que ninguém gostou da sua foto. Aí lhe vem inúmeros pensamentos, porque a gente está vivendo em uma sociedade que não pensa que é imediatista”.
“Comunicação não se faz com imediatismo”
Kaél foi taxativo: a comunicação não se faz com imediatismo. “Sempre digo para as pessoas: leiam! Pode ser um gibi, jornal, revista, um livro, de preferência. Hoje, a gente tem acesso a tudo. Se não se tem dinheiro para comprar um livro, existe a internet, que todo mundo tem acesso, tem as bibliotecas públicas. Leitura é uma questão de hábito. Quem lê fala melhor, se comunica melhor, escreve melhor e tem uma linha de raciocínio mais rápida”.
Em sua análise, isto tudo está dentro do tema “Comunicação”. “A etimologia da palavra significa “comunicar-se”. É quando há um diálogo de entendimento entre duas pessoas. Quando uma pessoa só fala e a outra não compreende, não existe comunicação entre as partes. Imagine-se a TV Cultura mostrando um vídeo sem texto informativo, sem narração de Jornalista. Faltou comunicação entre as partes, porque o receptor não estava pronto para receber aquela mensagem, e aquela mensagem não foi bem feita”.
Fazendo um paralelo com sua função, ao recordar que, enquanto Comunicação Social da Câmara, foi responsável pelas inúmeras matérias que saíram na imprensa sobre a Câmara Mirim, disse que teve o qualificou de “excesso de cuidado gigante, porque, depois que tu falas depois que tu escreves depois que tu gravas não volta mais, não tem mais reparação”
Tragédia da Chapecoense
“Um exemplo muito claro foi o trágico episódio da Chapecoense, que o Mundo inteiro acompanhou. Por uma extrema infelicidade do vice-presidente de futebol do Inter, Fernando Carvalho, ele comparou a chamada tragédia ocorrida com o Esporte Clube Internacional com a tragédia da Chapecoense, sem querer fazer isto. Tenho convicção de que ele não queria fazer isto, mas a forma como ele se comunicou foi errada”.
“Ele quis dizer que o Internacional estava entrando numa “tragédia”, porque seria rebaixado. Se tivesse pensado um pouquinho sobre a forma de se comunicar, ele jamais faria isto. Ele foi para a imprensa pedir desculpas, disse que não era isto que ele queria fazer, só que depois que tu falas o reparo é muito grande, tu não consegues fazer este reparo, porque muitas pessoas que escutaram o que ele disse naquela entrevista para a Rádio Gaúcha, a qual depois que foi multiplicada nas redes sociais, não volta mais. Muitas pessoas não vão acompanhar que ele irá repetir o pedido de desculpas, por isto é preciso haver um cuidado”.
Após, os Mirins prosseguiram com o ritual de apresentação de Pedidos, simulando uma plenária dos adultos.