Problema do abigeato em Montenegro



Câmara e produtores rurais discutem problema do abigeato no interior

“Nosso colono não dorme mais à noite, tem gente entrando em depressão. Os bandidos não estão somente roubando gado, eles assaltam as casas, levando até o que está no freezer. A situação é muito séria. Temos que nos somar para achar uma solução”, apelou o Vereador Dorivaldo da Silva (PRB), durante reunião na Câmara, com diversas entidades, que discutiu os frequentes furtos e abate de gados e outros animais, em propriedades do interior de Montenegro.

Participaram, dentre outros, Roberto Machado, presidente da Associação dos Produtores Rurais; o Ten. Cel. Marcus Vinícius Sousa Dutra, comandante do 5º BPM; Valter Robalo, Chefe de Gabinete da Prefeitura; o Delegado Eduardo de Azeredo Coutinho, titular da DP de Montenegro; produtores rurais e, além do autor, os Vereadores Carlos Einar de Mello (PSB) – Naná, presidente da Câmara, Ari Müller (PDT) e Edgar Becker (PMDB)

Dorinho conta que no mês passado apresentou Indicação ao Executivo para que, em parceria com a Guarda Municipal, fosse criada uma patrulha agrícola armada e motorizada para efetuar rondas à noite no interior, auxiliando a Brigada Militar, a Polícia Civil e a Guarda Municipal.

Segundo Roberto Machado, criador de gado da raça Angus em Potreiro Grande e presidente da recém-criada Apevale, Associação dos Pecuaristas do Vale do Rio Caí, desde outubro do ano passado está sendo feito um trabalho conjunto entre a comunidade e forças de segurança, sobre o tema. “Estamos extremamente desprotegidos, os indivíduos estão entrando tanto por terra como pelo rio, não tem dia e hora”. Acrescenta que ofurto e o abate preocupam muito os produtores. “Os animais são abatidos de qualquer jeito, inclusive aquele doente, que teve poucas vacinas ou que está em tratamento. A carne destes abates é comercializada. Está se tornando um problema de saúde pública, nossos filhos poderão estar comendo esta carne contaminada”, lamentou. 

Informa que está havendo um combate ao ponto de venda da carne, “com o que se poderá chegar aos executores do abate, pois se o ponto de venda comprar uma carne sem origem conhecida terá que informar às autoridades quem é o seu fornecedor”. De acordo com Carlos Barreto, da diretoria da Apevale, é obrigatório haver proteção dos animais (gado de corte e gado de leite). Relata que os ladrões entraram em sua propriedade no interior no último dia 15 e levaram oito animais. “É dado um tiro na cabeça, depois o animal é serrado com uma moto serra na última vértebra da cervical, só ficando as vísceras e a cabeça”, relata, defendendo que os praticantes destes furtos tenham que ser fiscalizados e identificados.

Becker: “hoje, chego preocupado em casa”

O Vereador Ari Müller conta ter participado de duas reuniões da nova Associação, a qual vem desenvolvendo um trabalho conjunto com a Polícia Civil e a Brigada Militar, de combate ao abigeato. Porém, não seria o único problema: “em Serra Velha já estão invadindo casas em pleno dia, assim como na região de Muda Boi também estão entrando nelas. Há três anos, duas foram incendiadas”, lamentou. “Algo tem que ser feito. O interior não tem segurança nenhuma. Eles vêm preparados, não tem nada a perder. A situação é muito difícil. Conheço o interior, suas dificuldades, a falta de segurança que os seus moradores enfrentam”. Disse também que, em Serra Velha, assaltaram uma propriedade em pleno domingo à tarde: “uma caminhonete a 



invadiu, foi para os fundos, no galpão, com pessoas se dizendo do IBGE, dizendo que estariam verificando as divisas, mas sem identificação, sem nada”.

O Vereador Edgar Becker defende que a presença da Polícia Civil, da Brigada, irá afugentar os meliantes. “Em Serra Velha, arrombaram uma casa às quatro horas da tarde, levaram o que quiseram”, lamentou. Diz que na época de seu primeiro mandato de Vereador, nos anos 90, voltava à sua casa na localidade de Serra Velha, vindo da Câmara, às onze da noite e não tinha nenhuma preocupação. “Hoje, chego preocupado. No verão, à noite dormia sempre com a janela aberta do quarto, hoje tenho medo. O nosso sossego lá no interior está acabando”.

Conforme relatou um participante, não existe somente a preocupação com o valor patrimonial. “Está ficando uma sequela psicológica no produtor, que não produz mais porque não tem condições psicológicas para isto, devido à falta de segurança. Estamos correndo riscos pessoalmente, não só nossas propriedades, não é somente o nosso patrimônio que está prejudicado, é a nossa segurança pessoal”.

Déficit de pessoal



O Ten. Cel. Marcus Vinícius Sousa Dutra, comandante do 5º BPM, observou que a tendência de insegurança migrou da cidade para o campo. Solicitou que a BM seja informada quando ocorrer alguma movimentação estranha. Disse que iria levar o que foi apontado na reunião, “para verificar a possibilidade de minimizar, ajustar”. Deixou claro o problema da falta de pessoal da corporação: “o efetivo previsto para a BM é de 32 mil homens, temos somente 19 mil, contando com os Bombeiros. Se todos os que têm tempo para a aposentadoria forem embora, haverá uma diminuição de 14 mil”.

Prevê que, em médio prazo, se esteja com em torno de 12 mil homens. “Comparando-se com a previsão de 32 mil, vamos ter um déficit de 20 mil”. Citando que todos os segmentos da segurança pública estão enfrentando algum problema para atingirem a quantidade de pessoal necessária, fez um apelo: “não perguntem ou digam o que os segmentos de segurança pública têm que fazer, porque eles sabem. Digam o que os senhores podem fazer para nos ajudar”.

Também se manifestaram o Chefe de Gabinete da Prefeitura, Valter Robalo, produtores rurais e um representante da Guarda Municipal. No final, o presidente Carlos Einar de Mello (PSB) declarou que a Assembleia Legislativa será provocada, através de seu presidente, para que a preocupação com a busca de uma solução chegue ao Governador do Estado.