Nelson Mandela É tema de psicanalistas


A Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (SBPRJ) realizou no Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá, zona portuária da cidade, uma série de homenagens ao ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela, morto em dezembro do ano passado. As bandeiras sociais e políticas defendidas pelo líder africano são temas centrais do 3º Encontro da SBPRJ com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na Biblioteca Parque da Rocinha, em São Conrado, zona sul da capital fluminense. O evento ocorre a cada dois anos.

O psicanalista Ney Marinho, da comissão organizadora do encontro, disse à Agência Brasil que a decisão de homenagear Mandela é a vinculação de suas bandeiras com a psicanálise. Foram debatidos o preconceito e a violência contra a mulher, a criança e o jovem e o papel do pai nesse contexto. A pauta foi a violência social e política, as comissões da Verdade e de Conciliação e o perdão, que, conforme explicou, é um tema que também interessa à psicanálise. Os trabalahos  encerram com debates sobre solidariedade e fraternidade.

A criação de uma sociedade fraterna foi uma proposta apresentada por Nelson Mandela, recordou Marinho. “Escolhemos o Mandela porque a vida e as lutas dele condensam preocupações muito próximas a nós psicanalistas. Lidamos, por exemplo, com a questão da agressividade humana e a possibilidade de se pensar em outra maneira de convivência e relação entre pessoas”, salientou Marinho.

Todas as atividades do 3º Encontro da SBPRJ incluiram apresentações artísticas. Houve exposição fotográfica da oficina Clique Popular, da Rocinha, e apresentação do Quarteto de Cordas da comunidade. Foram exibidos uma 'performance' em vídeo da artista plástica paraense Berna Reale e o clip Amor Cuidado, com letra da poetisa e atriz Elisa Lucinda e música de Wagner Tiso e Caíque Botkay. Os intérpretes são artistas dos nove países de língua portuguesa.

Para o escritor angolano José Eduardo Agualusa, os autores não costumam trazer respostas, mas inquietações, “de modo que, a partir delas, possam surgir questões que transformem o encontro em uma conversa, ou seja, em um diálogo produtivo". Sobre o preconceito, objeto do primeiro debate, disse que o mais importante é perceber como ele é construído. “O preconceito é, em larga medida, uma construção social e de pensamento”, comentou Agualusa.

Presidenta da SBPRJ, Celmy Quilleli Corrêa destacou as afinidades entre as atividades do saber dos psicanalistas e a riqueza que a palavra e a cultura trazem para o debate.

Agência Brasil