Morre Gabriel Garcia Márquez o inventor de notícias


Na 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, a notícia da morte do escritor colombiano Gabriel García Márquez foi recebida com tristeza. No meio de uma mesa de debates, foi o poeta Zé Carlos Vieira quem deu a notícia. A plateia lamentou. "Acabo de receber a notícia da morte de Gabriel García Márquez. Isso é muito triste para a gente, muito triste para a literatura".

Quando era jornalista, García Márquez 'inventava' notícias.Escritor colombiano misturava ficção a fatos reais em matérias jornalísticas.

Em 1954, o jornal colombiano El Espectador envia um de seus jovens jornalistas, Gabriel García Márquez, para cobrir um grande protesto contra o governo na remota cidade de Quibdó, no estado de Chocó.

Após dois dias viajando na selva, García Márquez e seu fotógrafo chegam finalmente a seu destino e têm uma surpresa: a cidade de Quibdó está completamente calma. O correspondente local do El Espectador, Primo Guerrero, havia inventado fatos que narrou para a redação em Bogotá.

Ou seja, García Márquez percebeu que os protestos não ocorreram. Diante do panorama, o jovem jornalista diz a Guerrero que não quer voltar para a capital de mãos vazias. Os dois fazem um acordo e, "com tambores e sirenes", convocam e organizam um protesto para escrever a reportagem e tirar as fotos.

A matéria é publicada no El Espectador com o título História íntima de uma manifestação de 400 horas e, nela, García Marquez afirma que o protesto durou 13 dias, "nove dos quais choveu de forma implacável".

A reportagem dizia que, sob a chuva, os manifestantes choravam e se lavavam na via pública.

Anos mais tarde, ao se lembrar do episódio, em uma entrevista com o jornalista Daniel Samper, o escritor confessou: "inventávamos cada notícia..."