Desemprego entre 16 e 24 anos é desafio para 2014




O mercado de trabalho brasileiro se modificou ao longo da última década. O emprego se manteve em alta e, ano após ano, constata-se um índice menor de pessoas sem ofício. A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), do Dieese, mostra que, nas sete principais regiões metropolitanas do País, o nível de desocupados atingiu 9,5% em novembro de 2013, um dos menores patamares da série histórica.

Em Porto Alegre, a capital com o melhor resultado, a taxa é de 6,2%. 

No entanto, uma coisa pouco mudou no período: os jovens de 16 a 24 anos seguem donos das maiores taxas de desemprego, que, no caso porto-alegrense, atinge 14,8% das pessoas nessa faixa etária.

O fenômeno não é novidade. Em muitos países, o desemprego entre os jovens é mais alto na comparação com outras faixas etárias. Mesmo com redução nos índices dessa faixa etária na última década, o Brasil apresenta uma série de particularidades que influem na composição das taxas ainda elevadas em relação à média geral.

 A População Economicamente Ativa (PEA) jovem caiu nos últimos anos. No País, saiu de 4,5 milhões de indivíduos para 4 milhões entre 2002 e 2012. Na Região Metropolitana de Porto Alegre, decresceu de 413 mil para 364 mil em igual período.

“O desemprego jovem diminuiu quase pela metade desde o início dos anos 2000, mas a transição demográfica que o Brasil está vivendo contribui para isso. Há uma oferta menor de jovens no mercado de trabalho em relação às pessoas mais maduras”, aponta a economista da Fundação de Economia e Estatística, Bruna Borges.

 Em paralelo a esse cenário, Bruna aponta que, com a melhora na renda da população, muitos jovens passaram a dedicar mais atenção aos estudos e adiaram o ingresso ao mercado, algo que reflete nos levantamentos.

O diretor adjunto de estudos e políticas sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos Henrique Corseuil, enfatiza que um dos fatores que mais pesa no desemprego jovem é a alta rotatividade. “Geralmente, o jovem se aloca em empresas menores ou que pagam baixos salários. Assim, ele fica pouco tempo.

 Com o mercado de trabalho aquecido, aumenta a rotatividade voluntária, pois o jovem acaba procurando um novo emprego”, aponta. Além disso, o especialista ainda constata que há dificuldade de colocação por causa da pouca experiência dos candidatos, o que acaba tornando mais difícil a conquista do primeiro emprego.

Corseuil lembra que é possível diminuir mais os índices de desemprego entre os jovens e a diferença para a taxa geral da população, porém acredita ser improvável a existência de patamares semelhantes nos dois segmentos. “O desemprego jovem no mesmo nível ou próximo do índice geral é irrealista. Até porque o jovem tem menos experiência, e o empregador sempre fica mais reticente ao contratar.

 No entanto, com o reforço dos jovens que estão se qualificando e depois vão ingressar no mercado, é possível chegar perto dos 10%”, projeta.

A coordenadora da PED no Rio Grande do Sul, Ana Paula Sperotto, acredita que a diminuição do desemprego jovem é um dos principais desafios a ser enfrentados pelo País. Para isso, segundo a especialista, é necessário diminuir a chamada geração “nem-nem”. “São jovens entre 16 e 24 anos que nem estudam e nem trabalham. Esse dado tem reduzido muito pouco nos últimos anos, o que não é bom.

É uma parcela da população jovem que está principalmente nas periferias”, enfatiza. Na Região Metropolitana da Capital, esse segmento representava 11,7% dos indivíduos em 2002 e baixou apenas para 11,2% dez anos depois.
Adolescentes procuram se adaptar às exigências, mas sofrem com falta de experiência

Prestes a completar o Ensino Médio, Alisson Ribeiro, de 17 anos, se desloca de Guaíba até Porto Alegre para verificar as vagas de emprego oferecidas pelo Sine da Capital. Com apenas uma experiência profissional no currículo, em uma rede de fast food, o jovem acredita que a curta trajetória no mercado de trabalho tem sido um empecilho para que ele seja selecionado. 

“As empresas sempre perguntam se eu tenho experiência e eu ainda não tenho”, reconhece. Mesmo que esteja à procura de um ofício, ele ressalta que continuará priorizando os estudos. Em 2014, vai para o último ano de colégio e, depois, pretende cursar faculdade de Administração de Empresas. 

A situação de Alisson é diferente da de Jociane Aguiar, que integra um grupo cada vez mais crescente: o de jovens que procuram se qualificar para depois ingressar no mercado de trabalho. No Estado, em 2002, o contingente de pessoas entre 16 e 24 anos na População Economicamente Ativa (PEA) que apenas estudava era de 20,1%. Em 2012, aumentou para 22,8%. Jociane, de 19 anos, trabalhou no setor de telemarketing por sete meses e decidiu largar o posto para concluir os estudos.

Fonte:

http://jcrs.uol.com.br/