Ativistas compram dívidas e perdoam endividados


O movimento Occupy Wall Street luta contra distorções sociais e econômicas provocadas, na visão do grupo, pela ganância do mercado financeiro, mas ativistas do grupo resolveram entrar justamente no mercado que criticam para defender pessoas consideradas em situação vulnerável.

IDÉIA 

A ideia faz parte de um dos conceitos do movimento Occupy em todo o mundo  o de Jubileu da Dívida, que consiste em fazer campanha para que empréstimos tomados por pessoas e instituições mais frágeis na sociedade não precisem ser devolvidos a credores ricos.

A iniciativa do Strike Debt recebeu elogios até mesmo no mercado financeiro – tido como alvo principal dos ativistas.

Para o diretor de renda fixa do Banco de Investimentos Espírito Santo em Londres, Marcus Ashworth, a ideia é brilhante.

Mas ele faz uma ressalva sobre a escala e os efeitos de longo prazo desta iniciativa.

"Quando o mercado perceber que existe um comprador lá fora, infelizmente os preços [das dívidas] vão se ajustar [e subir]. Mas se isso for mantido em uma escala relativamente pequena [como agora], isso pode ser muito útil", disse Ashworth à BBC.

"Como tem funcionado até este momento, a ideia é brilhante."

Ele também acredita que a iniciativa está funcionando bem nos Estados Unidos porque o mercado secundário usado para negociar dívidas pessoais é bem-estabelecido no país, e com regras sólidas.

Lá, este tipo de empréstimo é conhecido como "Ninja Loans" – ninja é uma abreviatura de "No Income, No Job, (No) Assets" (sem renda, sem emprego e sem ativos). São empréstimos de alto risco, e que justamente por isso produzem taxas de retorno enormes.

Para o endividado, esse tipo de renegociação permite que as pessoas mantenham um certo padrão de vida relativamente confortável enquanto trabalham para sair da situação de insolvência.

Mas segundo Ashworth, esse tipo de mercado não se desenvolveu tão bem em outros lugares, como na Europa, e por isso a iniciativa pode não ser bem-sucedida se exportada para outros países.

"As leis aqui na Grã-Bretanha e na Europa são muito mais duras, então é mais difícil deixar suas dívidas simplesmente para trás. Portanto o valor da dívida aqui é maior."