Diminuiu a metade casas sem energia elétrica entre duas enchentes
Números apresentados esta semana na Câmara comprovam que houve expressiva redução na quantidade de casas com o fornecimento de energia elétrica interrompido na enchente de 2013, comparando com a anterior, de 2011.
“Naquele momento, a empresa manifestou a intenção de efetuar mudanças na localização de transformadores ou chaves, impedindo o desligamento da luz. Novamente este ano muita gente ficou sem luz e novamente as reclamações”, diz o Vereador Roberto Braatz (PDT), que anteriormente também propôs que o Legislativo realizasse encontro buscando minimizar, dentro do possível, os prejuízos para as pessoas devido aos inevitáveis fenômenos da natureza, caso das periódicas enchentes.
Para verificar o que evoluiu desde então, manifestaram-se técnicos da área, como Luis Fernando Sorgetz, gerente da AES Sul, concessionária de energia em Montenegro e Marcelo Flores Pereira, técnico da empresa; Rui Fernando Cruz, professor da Escola Técnica São João Batista; Paulo Giovani Bender, da Associação do Bairro Ferroviário, além de moradores na parte mais baixa do centro, atingida pelas enchentes.
Braatz iniciou explicando que um dos problemas a cada enchente é a interrupção do fornecimento de energia elétrica. Segundo ele, pessoas não afetadas diretamente se queixam de que acabam ficando sem luz. Ou de que a enchente baixa na rua onde mora, a energia é ligada em várias casas e ela continua sem luz, tendo que transportar o que possui no freezer. Também há o caso de medicamentos na geladeira, que para manter sua temperatura precisam de energia. E a situação em que ficam pacientes ligados a aparelhos de oxigênio, além de estabelecimentos comerciais, como lojas e açougues, que sofrem prejuízo com a falta de energia.
Sorgetz comentou que em 2011, após uma das maiores enchentes em Montenegro, em reunião na Câmara por iniciativa do Vereador Roberto, juntamente com a Defesa Civil, a AES Sul tomou uma iniciativa denominada “Projeto Enchente de Montenegro”. Com este, foi prevista a instalação de chaves para proporcionar uma melhor segregação dos clientes atingidos por falta de energia elétrica durante as cheias. “A cada enchente em Montenegro revisamos este plano, com o objetivo de aprimorá-lo”, revela o gerente.
De 5500 para 2458
Apresentou números revelando que na enchente de 2011, maior que a deste ano, entre 5500 e 6 mil consumidores ficaram sem energia elétrica, enquanto que este ano foram 2458 unidades consumidoras sem energia elétrica, basicamente entre os dias 26 e 29 de agosto. “Se a enchente de 2011 tivesse sido igual à de 2013, hoje teria diminuído cerca de 1500, 1600 unidades nas quais não foi interrompido o fornecimento”, diz, acrescentando: “se a empresa não tivesse implantado o plano teriam sido cerca de 3300 clientes com interrupção em 2013. Conseguimos melhorar o nosso desempenho”, comemora o gerente.
Explica a dificuldade técnica enfrentada pela empresa: da rede elétrica que vem da subestação na RS 240 saem alimentadores-tronco, que são o eixo principal da rede. Por exemplo, há um alimentador que desce pela Rua Ramiro Barcelos e dali ramifica para as demais ruas. Ao longo destas derivações são instaladas chaves, o que proporciona à empresa segregar, o que diminui o número de clientes com o fornecimento interrompido. “A dificuldade é acessar estas chaves quando já estão sofrendo a enchente, não consigo acessá-las e diminuir o número de clientes. Este alimentador atinge aquele bairro, nos demais é outro. A dificuldade encontrada é que, para atender os que não estão na enchente, é preciso passar pela enchente”, revela.
Sorgetz comenta que a AES Sul está sempre colocando o “máximo contingente disponível” para atendimento. “Nesta última enchente, trabalhamos à noite, de madrugada. Quando a enchente começou a diminuir se conseguiu repor a energia elétrica em alguns bairros e até mesmo, quando deu acesso, ligar transformadores e desligar clientes”. No entanto, há a possibilidade de se colocar os colaboradores da AES Sul e da Conecta, sua prestadora de serviços, em risco ao entrar em barcos e fazer as operações, “pois água e eletricidade não combina”.
Caminho elétrico
O gerente acrescenta que a Companhia, ao receber informações sobre como vai ser cada enchente, traça um plano e fica de prontidão tanto para fazer desligamentos como religações, à medida que a enchente vai se prolongando, aumentando ou diminuindo. “Cinco mil e quinhentas pessoas ficaram sem energia em 2011. Aí tivemos um encontro na Câmara, promovido pelo Vereador Roberto. Em 2013, foram 2458 unidades consumidoras. Comparando com a altura da enchente de 2011 com a deste ano, deixamos de interromper cerca de 1500, 1600 unidades consumidoras”, especifica. “Isto corresponde a uma população maior do que muitos municípios da região” saúda o Vereador Braatz.
Como solução para evitar o desligamento da energia das casas em áreas não atingidas pelas enchentes, Sorgetz aponta o estudo do que definiu como “caminho elétrico” de cada unidade consumidora, para verificar detalhes técnicos específicos. Garantiu, na Câmara, que a empresa está se propondo a fazer um estudo, verificar a situação de cada um dos moradores presentes à reunião e que expuseram o problema decorrente das cheias, explicar qual o caminho e se existe uma proposta.
Para Carlos Einar de Mello, se na enchente de 2011 mais de cinco mil consumidores tiveram o fornecimento interrompido e na última o número baixou para pouco mais de dois mil, “na próxima, sem dúvida, irá reduzir mais ainda”, compara, parabenizando a AES pelo trabalho. “Com certeza, a situação evoluiu desde 2011, os números demonstram. Tenho certeza de que o senhor irá manter contato com os moradores que aqui estão verificando a situação de cada um”. Braatz acredita que irão ocorrer avanços, “respeitando a técnica e a segurança”.
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