A missão do catequista



A missão do catequista: ser instrumento de conversão do próximo

Este domingo, 25 de agosto, é o dia dedicado aos catequistas. Faça uma pausa nesse momento e recorde os catequistas que contribuíram em sua iniciação pessoal na fé cristã. Que lembranças têm dessas pessoas? O quão importante foram (e são) em sua vida? O que de mais marcante e inesquecível lhe ensinaram? É no clima do mês vocacional que convidamos uma catequista da Diocese de Montenegro a refletir sobre o papel deste trabalhador da messe do Senhor. Segundo Lídia Joner, “os catequistas são os grandes colaboradores da Igreja na sua ação evangelizadora” e daí sua importância e relevância para a propagação da fé cristã e para a tentativa de construir um mundo melhor.

Lidia Carla Beleti Joner, 36 anos, é natural de Erechim-RS, mas veio para Porto Alegre aos 4 anos, juntamente com sua família. Tem quatro irmãos. É casada há 18 anos e tem uma filha de 16. Durante 17 anos trabalhou como gerente operacional no ramo de turismo. Atualmente mora em Tupandi e há cinco anos é estudante de Pedagogia, atuando como massoterapeuta, esteticista facial e corporal.

Sua relação com a Igreja começou muito cedo. “Quando eu tinha três anos, todos os domingos, eu e meus irmãos íamos à missa com meus pais”, recorda. “Nosso comportamento tinha que ser exemplar e como eu aprontava muito, ficava o domingo todo de castigo”. Mesmo assim, segundo seus pais, Lídia já cantava e acompanhava as atividades religiosas. Sempre teve uma convivência muito próxima com as irmãs do Imaculado Coração de Maria. Já em Porto Alegre, na catequese de Primeira Eucaristia, foi crescendo nela a vontade de participar da vida em comunidade. Era coroinha nas quatro missas de domingo. Além disso, participava do grupo de jovens. Mais tarde, na catequese de Crisma, sentiu a necessidade de fazer algo a mais. Porém, os horários de trabalho e estudos não lhe deixam muito tempo vago. No entanto, esse chamado continuava.

Lídia se casou e depois de dois anos ela e o marido foram morar em São Pedro da Serra. Foi daí que veio o convite para serem catequistas. Começou ali o trabalho da catequese realizado em conjunto com seu esposo. No início já assumiram uma turma de 42 jovens na preparação para a Crisma. “Foi uma experiência e um desafio maravilhoso. Desde então, entendi meu chamado a ser catequista”, relata.

Confira a entrevista que Lídia concedeu, por e-mail, para a Assessoria de Comunicação da Diocese de Montenegro. Nela, Lídia também reitera a importância da realização, neste domingo, 25-08, do Congresso Catequético Vocacional, em Bom Princípio:



Diocese de Montenegro - O que significa ser catequista considerando a Igreja e a sociedade em nossos dias? Qual deve ser a missão de um catequista?

Lídia Joner - Ser catequista nestes tempos de mudanças rápidas é um desafio contínuo. Exige atualização constante, tanto nas questões teológicas, como no processo de acompanhar e entender a pedagogia das idades, afinal, é diferente a forma como anuncio Jesus Cristo a uma criança, a um jovem ou a um adulto. Precisamos ter vivência espiritual, pois lidamos com um auto-questionamento diário. A sociedade está envolvida em um capitalismo flexível, onde os valores humanos e religiosos não são, na maioria das vezes, competência de todos, mas da catequese ou da escola. A missão do catequista é ser um instrumento de conversão do próximo. Significa compreender, viver e anunciar a Palavra de Deus que a Sagrada Escritura nos oferece; e compreender com a mente e com o coração, ou seja, em sua totalidade. Para mim, a grande missão do catequista é fazer com que o catequizando conheça a Jesus Cristo, pois só podemos amar aquilo que conhecemos.

Diocese de Montenegro - Quais as principais demandas que são levadas aos catequistas durante o processo de formação de quem está sendo iniciado na vida e na fé cristãs?

Lídia Joner – Posso citar a questão da falta de envolvimento da família no processo catequético do filho; e a falta de comprometimento por parte daqueles que se dizem católicos, mas sequer comparecem à missa dominical.

Diocese de Montenegro - O que deve fazer parte do perfil de um catequista? Que características essa pessoa deve possuir para exercer com sucesso a missão de evangelizar?

Lídia Joner – Um catequista deve ser alguém que tenha feito uma profunda experiência de fé. Deve ser apaixonado pela catequese, gostar do que faz e ter consciência de que é um trabalho pelo Reino, cujo principal agente é o Espírito Santo. Além disso, precisa um pouco de conhecimento sobre as características das crianças e adolescentes. E claro, é importante gostar das crianças, tendo sempre presente a passagem do Evangelho: “O que fizerdes a um desses pequeninos é a mim que o fazeis”. 

Diocese de Montenegro - Como você define a realidade da caminhada catequética na Diocese de Montenegro? Quais os avanços e limites?

Lídia Joner - Existe em nossa Diocese uma preocupação com a formação e com a necessidade de se ter maior unidade na caminhada dos catequistas. A oferta de cursos de preparação foi um avanço. O limite que eu vejo está na participação dos catequistas nesses cursos.

Diocese de Montenegro - Em que consiste o chamado “novo método da catequese”?

Lídia Joner – Trata-se de uma catequese centrada na Bíblia. Por isso, a catequese hoje faz parte do Setor de Animação Bíblico-Catequética.



Diocese de Montenegro - Quais as diferenças entre catequizar e iniciar alguém na vida cristã?

Lídia Joner - Catequizar seria a preocupação em apenas preparar alguém para receber os sacramentos. Já quando falamos de iniciação à vida cristã, podemos compreender que nos referimos à preocupação que todos nós, catequistas, temos em comum: levar os nossos catequizandos à vivência de uma experiência pessoal e profunda com a pessoa de Jesus Cristo. O Documento de Aparecida nos lembra, em seu número 287, que: “Ou educamos na fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as para o seu seguimento, ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora”. Eis o nosso desafio: evangelizar proporcionando o contato com Jesus Cristo.



Diocese de Montenegro - Qual a importância do Congresso Catequético-Vocacional que acontece neste domingo, dia 25-08, em Bom Princípio?

Lídia Joner - De extrema importância, pois os catequistas são os grandes colaboradores da Igreja na sua ação evangelizadora. Precisamos ser perseverantes e sempre apaixonados pela catequese.



Diocese de Montenegro - Gostaria de acrescentar mais algum comentário sobre o tema?



Lídia Joner - Precisamos olhar para a realidade, estudar as propostas, as pistas de ação que a Igreja, os documentos e os estudos têm nos passado. É fundamental elaborar um projeto, um plano de ação para a catequese, no intuito de provocar uma mudança de mentalidade sobre em que realmente consiste a catequese, qual a sua meta, para depois (o mais difícil) vestir a camisa, arregaçar as mangas e partir para a ação. Não existe caminho pronto, porém, todo caminho se faz dando um passo de cada vez. O que não podemos é viver de saudosismo, pois os tempos são outros, nem melhores, nem piores, mas diferentes. Também nós, catequistas, e porque não, o clero, crescemos, amadurecemos na fé e percebemos que precisamos - e devemos - fazer mais, traçar novos rumos, pois a necessidade de se evangelizar também as famílias se torna palpável, gritante. Parabenizo a todos/as os/as catequistas e que Maria seja sempre nosso modelo nesta apaixonante caminhada de evangelização.