O mistério de Deus

                                             
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo!

O mistério de Deus deve ser contemplado, não explicado. A explicação é uma exigência humana. Queremos colocar tudo dentro de nossa compreensão. Por outro lado, não devemos usar o argumento de que, por ser mistério, não devemos investigar sobre a intimidade de Deus. Contemplação e especulação (teologia) devem andar juntas.

A Liturgia deste Domingo nos propõe celebrar a Solenidade da Santíssima Trindade: Deus que é Uno e Trino, Pai, Filho e Espírito Santo, um só Deus em três pessoas.

Deus existe desde sempre. Deus não depende de nada nem de ninguém para existir. Contudo, ele quis criar o universo e tudo o que há no universo. O ser humano é criatura especial, pois é feito à imagem e semelhança de Deus.


É possível conhecer Deus pela criação: das causas vamos aos efeitos. Se há criaturas, é necessário que haja um Criador.

Mas a via de conhecimento natural é limitada. Por isso Deus decidiu revelar-se a si mesmo e o seu desígnio de salvação a nós, através de seu Filho Jesus Cristo.

Só em Cristo é que temos explícita a revelação plena de Deus. É Cristo quem nos apresenta a Trindade, embora já prefigurada no Antigo Testamento.

Deus é amor, diz Jesus. Ora, amor é relação. Deus é relação. Se Deus tem um Filho, é Pai. O Pai ama o Filho. O Filho corresponde ao amor do Pai. Esse amor que une o Pai e o Filho é o Espírito Santo.

É difícil até dar nome ao Espírito Santo: o Pai e o Filho também são espírito e também são santos. Por isso, os melhores nomes para o Espírito Santo são amor e dom. Amor pelo que já expusemos: é a relação do Pai e do Filho. Dom porque o amor é doação. A Trindade partilha conosco o seu amor. Deus nos ama. Deus derrama sobre nós o seu amor.

O Pai, o Filho e o Espírito Santo sempre atuam juntos. Costumamos falar que Deus Pai é o Criador, Deus Filho é o Redentor e Deus Espírito Santo é o Santificador. Isso não exclui a participação do Filho e do Espírito Santo na criação, nem a participação do Pai e do Espírito Santo na redenção, nem a presença do Pai e do Filho na obra de santificação.



Retornamos ao ponto inicial: Deus é mistério. O que é possível e necessário conhecer está revelado. Permanece, contudo, muito mais a contemplar. E isso faremos na eternidade.



Celebremos com alegria esta solenidade, porque mais que entender o mistério trinitário, sabemos pela fé que já participamos da comunhão divina. Esperamos a vida eterna, quando não haverá mais separação entre nós e Deus. Vamos contemplá-lo face a face, seremos introduzidos totalmente nesse mistério.



É essa a esperança cristã. Paulo assim nos diz na segunda leitura: “A esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”. Rm 5,5.



Se a essência de Deus é amor, a essência do cristianismo não pode ser outra. Somos amados por Deus. Amemos, pois, a Deus, ao próximo e a nós mesmos.





Pe. Eduardo Luis Haas