Animais de estimação reduziem o risco de doença



Seu amigo de quatro patas pode ser mais do que um companheiro - ele também é um aliado da saúde do seu coração. É o que afirmam especialistas da American Heart Association, no artigo publicado online em 9 de maio, na revista Circulation.


Os membros do órgão basearam sua declaração em dados retirados de uma série de estudos relevantes. Segundo os cientistas, os bichos de estimação estão fortemente associados com a redução de fatores de risco para doenças cardíacas, como hipertensão, níveis elevados de colesterol no sangue e obesidade. Além disso, os animais melhoram a qualidade de vida de pessoas que já possuem doenças do coração.

O destaque fica para os cães, afirmam os especialistas. Isso porque pessoas que tem cachorros precisam levar os pets para passear. Um dos estudos analisados tinha mais de 5.200 adultos, e comprovou que os donos de cães fizeram mais exercícios do que aqueles que não possuem o animal. Além disso, pessoas que tinham cachorros estavam 54% mais propensos a atingir o nível recomendado de atividade física - pelo menos 90 minutos de caminhada por semana.

Animais também pode ter um efeito positivo sobre as reações do organismo ao estresse, de acordo com a American Heart Association. No entanto, eles salientam que os animais não deixam necessariamente as pessoas mais saudáveis e sim uma relação contrária, concluindo que pessoas naturalmente saudáveis são mais propensas a ter um animal de estimação - mas isso não muda o fato de que há uma forte relação entre os pets e maior qualidade de vida.

"Pet terapia" ajuda no tratamento de doenças


A Terapia Assistida por Animais (TAA) consiste em tratamentos na área da saúde, onde um animal é co-terapeuta e auxilia o paciente a atingir os objetivos propostos para o tratamento. Segundo o adestrador José Luis Doroci, fundador do Projeto Novo Guia, nem todo animal nasceu para ser um terapeuta. "Ele precisa ser tranquilo, ter uma personalidade que as pessoas possam abraçar, beijar e apertar, sem que ele reaja", explica. Os animais mais comuns são os cães e os cavalos, que no geral tem um temperamento mais dócil. Mas gatos, jabutis, peixes, coelhos, aves, botos, cobras e aranhas também podem e são usados nesse tipo de projeto. Quando o pet pertence ao dono, um profissional especializado em TAA pode ajudá-lo a fazer a terapia em casa com o bicho de estimação.


Não há uma recomendação específica de quem pode ser ajudado pela pet terapia. "Qualquer paciente pode ser beneficiado, desde que não haja alguma contraindicação, como por exemplo, medo de animais, alergia ou problemas de respiração, entre outros", observa a psicóloga Fabiana Oliveira, do Instituto para Atividades, Terapias e Educação Assistida por Animais de Campinas (Ateac). Porém, alguns tipos de pacientes e alguns quadros clínicos têm um resultado já atestado. Confira quais são eles. 

Crianças

Diversos problemas infantis podem ser melhorados com o convívio com animais. Um exemplo é a melhora do quadro de portadores de autismo. "Elas têm muita dificuldade no contato social e a simples presença de um animal treinado associada a atividades adequadas para eles auxiliam nesse desenvolvimento", relata Paula Lopes, neuropsicóloga da Associação Brasileira de Hippoterapia e Pet Terapia (Abrahipe) e do Centro de Reabilitação Gessy Evaristo de Souza. Estudos mostram que as crianças autistas apresentam diminuição nos comportamentos negativos, como agressividade, alienação, isolamento, entre outros com a presença de cães nas seções, por exemplo.

Hiperativos também encontram benefícios com essa terapia. "O bicho pode deixar a criança mais calma, eu mesmo trabalho com uma que até diminuiu a dose do remédio", conta José Luis Dorici, professor de educação física, adestrador de cães e fundador e coordenador do Projeto Novo Guia, que trabalha com TAA há 13 anos.