Acompanho-me do “Apóstolo de Cuba”, seguindo-o no ínfimo, mas proveitoso espaço de estudos conferidos à sua obra teórica da Educação, de século e meio; embora, sobre Martí prevalece o ângulo biográfico do “conspirador”, “poeta”.
José Martí viveu no Séc. XIX e, dentre seus inúmeros predicados, destacado pensador da Educação – e pouco se sabe -, elaborando e expressando conceitos diversos sobre o tema, indicando métodos pedagógicos, nenhum mais importante do que outros. Focalizamos dois:
(1)“A Educação [...] habilita os homens para obter, com desafogo e honradez, os meios indispensáveis de vida no seu tempo de existência, sem desdenhar, por isso, as aspirações delicadas, superiores e espirituais que representam a melhor parte do ser humano”. (2) “Educar é dar ao homem as chaves do mundo que são a independência e o amor, e preparar suas forças para que a elas recorra por si, no passo alegre dos homens naturais e livres”.
Nos conceitos, “preparação do homem para a vida” – sem desprezar a espiritualidade - e “conformação do homem ao seu tempo”; assim, a educação é, para as pessoas, a conquista da sua autonomia, naturalidade e espiritualidade. Frisamos elementos poéticos, por observação.
É dele, para a minha particular e esforçada ciência, a emancipação política da chamada “Educação Popular”, motivo de uma outra análise, em adiante momento e que projetamos para a São João do Montenegro.
“Mestre e educador sistematicamente, escolar, elegeu a América como sala de aula. Crianças americanas tendo oportunidade de saber como elas e as outras vivem, nacionais e internacionais, até conhecerem de que modo muitas coisas são feitas de vidro e ferro, máquinas, pontes e eletricidade,... operários nas fábricas, onde acontecem coisas mais raras e interessantes que nos contos de magia e são magia de verdade, mais linda que a outra (...). Trabalhando para as crianças porque elas é que sabem amar, porque são elas as esperanças do mundo.” Poesia e cultura, a nós, como elementares do que “não é contingente, mas permanente”.
Contudo, retornando aos paradigmas exarados conceitualmente, entender a distinção entre educação e instrução é preciso. Respostas estão nos conceitos – nos dois, retro -, da forma interpretativa inversa ao normal, começando como quando fazemos fichas de leituras, no âmbito acadêmico, ao que Martí provavelmente elaborou como estrutura dos conceitos.
A fórmula, a equação resolutiva, sinteticamente, é dirigirmos a apreensão às premissas: 1) Educação é sentimento – próximo ao que fala Hobbes sobre “sensação”; e, 2) Instrução é pensamento, capacidade diretiva de abstração à compreensão dos objetos dela exatamente o que se ensina e aprende. Como?
Ele mesmo, ou os estudiosos de Martí como pedagogo, vão confirmar que a “Educação como recapitulação não é possível se não for acompanhada de instrução. [...] Mas, para conformar o homem à sua época e capacitá-lo para a liberdade e a espiritualidade, a educação não se cumpre a não ser pelo que ela é: “um cultivo integral de todas as faculdades humanas”. O “cultivo” vai acontecer por aqueles que sabem executar a tarefa, dentro da ideia básica de Educação Popular, de massas, de todos, com as mesmas condições de assimilação aos idênticos conteúdos dos projetos políticos pedagógicos, com grade curricular composta pelo mínimo obrigatório a todos os educadores e educandos.
O que, sem dúvida alguma, tem suas exigências de financiamento na capacitação aos profissionais da Educação na forma exata às exigências do nosso tempo e do nosso lugar. Caso contrário, mantém-se o conservadorismo na Educação, sem liberdade, espiritualidade, sem Educação.
Consulta: José Martí, de Ricardo Nassif/MEC-UNESCO – Resumos, resenhas, Interpretações livres do articulista.
Luiz Américo Alves Aldana
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