MERCADO DE VEÍCULOS USADOS EM MONTENEGRO




  Enquanto a indústria de automóveis recupera as vendas graças à redução de imposto, outra parte da engrenagem patina para tentar rodar. Com altos estoques nas garagens, o mercado de usados mergulhou numa crise gerada pela restrição de crédito e pela facilidade para a compra do carro zero-quilômetro.

  O financiamento ao setor começou a secar no ano passado, quando bancos e instituições frearam a liberação de dinheiro diante da alta da inadimplência. Desde então, cerca de 80% dos pedidos de crédito para a compra de carros usados são negados. A redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os veículos novos ajudou a acentuar a crise no setor de seminovos, que chegou a desvalorizar 30% em alguns modelos.

– Costumo dizer que o governo não tem olhos para o nosso setor. Hoje, 50% das compras de carros novos envolvem a troca de um usado, que precisa ser escoado no mercado – aponta Ilídio Gonçalves dos Santos, presidente da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto).

Conforme a entidade, de março a julho, 4,5 mil lojas especializadas em usados foram fechadas no país, das quais pelo menos 200 no Rio Grande do Sul. Em julho, os revendedores pediram ao Ministério da Fazenda a retirada total do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos financiamentos de usados e uma linha de crédito para os donos das revendas que garanta a sobrevivência dos negócios.

– Até agora, não tivemos nenhum retorno do governo federal – diz Santos, projetando 8 milhões de carros vendidos no ano, queda de 20% em relação a 2011.

Na sexta-feira, a Caixa reduziu os juros para o financiamento de veículos novos e usados. As taxas passam a variar de 0,75% a 1,51% ao mês (a máxima anterior era de 1,63%), conforme as condições do financiamento. Para veículos com até dois anos de fabricação, a taxa máxima baixou de 1,55% para 1,34% ao mês. O financiamento de 100% do veículo, porém, continuou restrito ao zero-quilômetro. Para usados entre três e cinco anos, chega a 60%, e de seis a 10 anos, até 50%.

A maior facilidade para tomada de crédito na compra de carros novos é uma das principais queixas do setor.

– Às vezes, uma pessoa tem o cadastro reprovado para financiar um usado e aprovado para um novo, na mesma financeira – relata Elcio Preto, gerente da Vitrine de Carros, loja especializada na capital gaúcha.

Conforme Preto, a revenda teve de baixar pelo menos 20% o preço dos carros, para fazer frente à redução do IPI nos novos.

– E mesmo assim não conseguimos vender – conta Preto, que desde o começo do ano viu as vendas mensais caírem pela metade.

Diante da facilidade para a compra do carro zero, o preço dos usados caiu nas revendas. A depreciação dos automóveis depois de um ano de uso aumentou 9% no ano, conforme o estudo AutoInforme/Molicar, divulgado neste mês. A desvalorização média, que em dezembro do ano passado era de 15,4%, passou para 16,8% em setembro.

A explicação para a baixa de preço é o grande volume de oferta de seminovos, que vão inchando à medida que a população realiza o sonho do carro novo.

– Neste ano, o setor de usados sentiu uma depreciação bem mais acentuada – aponta Joel Leite, diretor da AutoInforme, que elabora tabela de depreciação de veículos há quase 10 anos, com dados de mercado colhidos pela Molicar.

No ranking dos veículos que perdem menos valor, o Celta se mantém na liderança, seguido de outros modelos de carros populares e com alto volume de venda. A lista dos que mais perdem valor na hora da revenda é dominada pelos importados de luxo.

– Por terem mais liquidez, os mais populares são os que perdem menos valor, ao contrário dos automóveis com preço alto – explica o diretor da Autoinforme.

Quem ganha
O consumidor que pretende comprar um carro seminovo pode conseguir preços abaixo da tabela de referência (Fipe), já que há oferta de sobra nas revendas de usados. 
Com o mesmo preço de um zero-quilômetro popular, é possível adquirir um veículo com motor mais potente e opcionais de série – como ar-condicionado, vidro elétrico e airbag.

Quem perde
Quem comprar um carro novo sentirá mais rápido a desvalorização do automóvel. A partir do momento em que sai da concessionária, o veículo já perde de 10% a 15% do preço.
O consumidor que quiser negociar o usado para compra de um novo poderá encontrar dificuldade de negócio, diante da grande oferta e valores mais baixos.

Os menos depreciados

Chevrolet Celta: -10,7%
Fiat Uno Evo: -11,3%
Fiat Mille Economy: -11,7%
Chevrolet Classic: -12,1%
Volkswagen Gol: -12,1%
Fiat Palio Economy: -12,5%
Fiat Strada: -12,6%
Volkswagen Gol (G5): -12,8%
Mitsubishi ASX: -13,1%
Fiat Palio: -13,5%

Os mais depreciados

Chevrolet Omega: -25,3%
Jeep Cherokee: -25%
Chrysler Town&Country: -24,8%
Kia Carnival: -23,9%
Maresati: -23,4%
Chevrolet Malibu: -23,4%
Volkswagen Touareg: -22,9%
Jinbei Topic: -22,4%
Mercedes-Benz C 180: -21,9%
Kia Sorento: -21,9%


ZERO HORA