CUSTO PARA VENDER A SUA EMPRESA


 Quanto vale a  sua empresa 



Se cuidar das contas rotineiras já pode representar certo grau de dificuldade para alguns empreendedores, saber calcular quanto vale a empresa é ainda mais difícil. A prática é necessária para a venda de cotas para sócios ou para o recebimento de aporte de investidores, por exemplo. "Não existe uma conta exata. O mais recomendado é que o empresário contrate uma consultoria especializada para ajudá-lo a chegar ao montante final. A exceção fica para aqueles que têm experiência ou formação em finanças", explica Marcelo Nakagawa, professor e coordenador do Centro de Empreendedorismo do Insper, de São Paulo. 

O professor explica que os dois métodos mais praticados pelas pequenas empresas são considerados inapropriados. O primeiro consiste em somar todos os ativos (computadores, equipamentos etc.) e dizer que o negócio vale aquilo. "Esse resultado é o valor mais baixo possível. O certo é calcular o quanto ela ainda vai poder render, o quanto vai crescer, e não quanto ela tem de cadeiras, mesas, telefones", diz. 

Outra forma, também errônea segundo ele, é somar o valor dos ativos e do tempo que o empreendedor gastou para construir a empresa. "O valor do tempo é algo muito impreciso. Geralmente, é o quanto ele receberia se tivesse sido empregado por X anos", afirma Marcelo. 

Uma forma mais adequada, mas nem assim 100% precisa, é copiar modelos adotados por grandes empresas e trazê-los para a realidade das pequenas. "A particularidade da pequena empresa é que ela tem, ao mesmo tempo, grande potencial de crescimento e grande chance de dar errado. Por isso, não existem métodos sobre o que seria o valor ideal de um negócio desse porte", aponta o professor do Insper. 

Marcelo diz que um dos métodos mais utilizados é o fluxo de caixa descontado. Nele, o empreendedor estima quanto será o fluxo de caixa líquido da empresa para os próximos cinco anos e soma o valor da perpetuidade, que é o fluxo de caixa a partir do sexto ano - época em que, teoricamente, o negócio tende a se estabilizar. O montante tem de ser atualizado com os valores de hoje. "E aí entra uma polêmica. Geralmente, o empresário usa uma taxa de desconto mais baixa e o investidor, uma mais alta", alerta Marcelo. 

Negociação
É interessante que o empreendedor chegue à mesa de negociação sabendo o valor máximo e o mínimo que a empresa vale, na sua opinião. Mas o professor aconselha que ele não feche negócio pelo número mais baixo. "De qualquer maneira, ele tem de estabelecer um valor intermediário, de até onde ele pode abaixar o seu preço", aconselha Marcelo. 

O professor afirma que nesse momento é importante tratar o negócio como um objeto e tentar se afastar emocionalmente. "Não é difícil que o empresário escute uma primeira proposta ofensiva, principalmente de investidores. Ele tem de negociar, e não sair xingando", diz. 

Além disso, é comum que os potenciais compradores ajudem o empreendedor a repensar o valor da empresa, uma vez que ele pode não ter levado em consideração, ou superestimado, partes do negócio. 

Uma saída para quando o processo de negociação com investidores emperra é fechar com o valor oferecido e inserir no contrato uma cláusula que diz que, caso o negócio prospere como o empreendedor imaginava, o investidor pagará aquilo que o empresário queria. "Às vezes, vale a pena fechar por um preço mais baixo quando o sócio ou o investidor tem um histórico de sucesso. O mais importante não é o dinheiro em si, mas o que vem agregado com esses novos parceiros", acredita Marcelo.