Imigração Alemã em Montenegro

180 anos da Imigração Alemã no Vale do Caí

Os imigrantes alemães que chegaram ao Brasil, a partir de 1824, recebiam do governo imperial terras para morarem e trabalharem. Essas terras não custavam nada para os colonos, não havia cobrança por sua aquisição. Nem mesmo os impostos precisaram pagar por longos anos.

Porém, por trás tudo havia um objetivo. Os colonos não podiam vendê-las e nem arrenda-las. Estavam aqui para ocupar e produzir. O Império não precisava de especuladores no setor imobiliário.
Ao descobrirem suas propriedades no meio do mato e em lugares desertos, muitos abandonavam a colônia ofertada pelas autoridades de seu novo país. Sentiam a dificuldade de acesso, e pior do escoamento da produção, um obstáculo intransponível. Largavam tudo quando percebiam que herdaram um Brasil de feras e índios. Até mesmo a vocação agrícola os colonos deixavam de lado, mudando seu modo de produção para abraçar a manufatura e o comércio.

Por tudo isto fica difícil de imaginar que alguém comprasse terras. Porque se elas eram oferecidas ali adiante gratuitamente? E principalmente pra que se o mercado consumidor precisava ser conquistado palmo a palmo.

Porém, a 22 de junho de 1832 um homem quebrou este paradigma, Philipp Heinrich Dhein adquire de Henrique Pöhls e sua mulher Ana Maria meia colônia na localidade de Campestre entre o arroio Maratá e o arroio São Salvador. Paga aos vendedores 50 patacões. No dia 6 de dezembro de 1833 adquire dos mesmos vendedores a outra metade da área de terras pelo preço de 60 patacões. A transação é registrada somente a 27 de março de 1835 no Primeiro Livro do Juiz de Paz de São Leopoldo. Consta na obra de Carlos Henrique Hunsche (Primórdios da Vida Judicial de São Leopoldo, EST, Porto Alegre, 1979, páginas 80 e 81)

O imigrante Philipp Heinrich Dhein paga para ser o mais novo proprietário de uma colônia em Campestre, hoje Salvador do Sul, mas na época pertencente a Vila de Triunfo. Porque correr este risco? Certamente ele tinha interesse econômico e iniciou logo a exploração daquelas terras. No entanto, não sabemos ao certo o uso que deu para o seu mais novo investimento.
Conhecido de todos é a permanência de Philipp Heinrich Dhein em Estância Velha. Ele não se mudou para as novas terras em definitivo. Seus filhos e netos sim vieram residir aqui e se multiplicaram casando com moradores de Brochier, Montenegro, Maratá e dirigindo esta corrente migratória em direção ao vale do Taquari. Portanto, em 2012, completa-se 180 anos da presença de imigrantes alemães no Vale do Caí.
Eduardo Kauer/Facebook