Em se tratando de análises econômicas que tentam compreender a capacidade produtiva de determinada sociedade, o fator desemprego é um dos mais relevantes. Grosso modo, altos índices de desemprego podem sinalizar um desaquecimento da economia,
assim como indicar o agravamento de questões sociais ligadas à queda do
padrão e da qualidade de vida dos indivíduos, isto é, do bem estar
social das pessoas. Assim, um dos índices que ajudam aos analistas a
avaliarem a economia é o PEA - População Economicamente Ativa, o qual
apresenta o número de adultos empregados, desempregados e que estão à
procura do primeiro emprego. Contudo, as causas do desemprego podem variar. Segundo Passos e Nogami no livroPrincípios de economia(2005), são pelo menos 4 (quatro) tipos de desemprego, obviamente causados por motivos diferentes.
Uma das formas seria o chamado Desemprego Friccicional(ou
desemprego natural), o qual consiste em indivíduos desempregados,
temporariamente, ou porque estão mudando de emprego, ou porque foram
demitidos, ou porque ainda estão procurando emprego pela primeira vez.
Recebe esta nomenclatura porque o mercado de trabalho, segundo os
autores, opera com atrito, não combinando trabalhadores e postos
disponíveis de trabalho, sendo que sua duração vai depender dos benefícios dados aos desempregados, como o seguro desemprego.
Já o Desemprego Estrutural é consequência
dasmudanças estruturais na economia, tais como mudanças nas tecnologias
de produção ou nos padrões de demanda dos consumidores (uma vez que a
mudança de gostos pode tornar obsoletas certas profissões). No tocante
às mudanças tecnológicas, basta pensarmos como exemplo uma montadora de
veículos que, ao promover a automatização de sua produção, dispensa
inúmeros trabalhadores agora desnecessários diante a capacidade de
robôs. Com relação à mudança no padrão da demanda dos consumidores, isso
se explicaria ao se pensar na antiga profissão do técnico em consertar
máquinas de escrever - equipamento absolutamente obsoleto o qual
perderia sua função na era da informática sem uma reciclagem profissional.
Um terceiro tipo seria o chamado Desemprego Sazonal.
Conforme apontam Passos e Nogami (2005), este tipo de desempregoocorre
em função da sazonalidade de determinados tipos de atividades
econômicas, tais como agricultura e turismo, e que acabam causando
variações na demanda de trabalho em diferentes épocas do ano.
Trabalhadores rurais cortadores de cana-de-açúcar seriam um bom exemplo,
os quais migram de uma determinada região (como do nordeste brasileiro)
para outra (como a região sudeste) no período de safra, retornando na
entressafra.
O quarto e último tipo seria o Desemprego Cíclico(involuntário
ou conjuntural). Um dos mais temidos, e que tem assolado a Europa e os
Estados Unidos nestas últimas crises econômicas, ocorre quando se tem
uma recessão da economia, o que significa retração na produção. As
empresas são obrigadas a dispensar seus funcionários para cortar
despesas.
Logo, estar desempregado significa encontrar-se numa situação na qual
não se tem nenhum vínculo oficial com qualquer instituição empregadora,
não possuindo quaisquer outras fontes de renda, mas o fator que
condicionou a tal situação, como se viu, pode variar. Dessa forma,
apenas a título de observação, é importante lembrar que mesmo os
trabalhadores urbanos que podem sobreviver como vendedores ambulantes
não são oficialmente considerados empregados, mas sim como integrantes
do trabalho e da economia informal, uma vez que não possuem carteira
assinada. Logo, oficialmente estariam desempregados.
Paulo Silvino Ribeiro
Colaborador Brasil Escola
Bacharel em Ciências Sociais pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
Mestre em Sociologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
Doutorando em Sociologia pela UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas
BRASIL ESCOLA
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