A dura vida de empreendedor no Brasil

A dura  vida de empreendedor no Brasil

Criativo, inovador, otimista e empreendedor. Estes quatro adjetivos podem se aplicar bem ao brasileiro. O empreendedorismo está no sangue do brasileiro: 78% da população vê a atividade como uma boa opção para fazer carreira e quase a metade enxerga oportunidades de negócios, segundo números do Global Entrepeneurship Monitor (GEM). O problema é aquele velho ditado: de boas intenções, o inferno está cheio.
Relatório do Banco Mundial e da Corporação Financeira Internacional (IFC, em inglês) mostra que as boas intenções do brasileiro esbarra no inferno da burocracia. Tudo começa quando o Zezinho das Couves, nosso típico empreendedor, vai abrir a sua empresa: em média, ele precisa fazer 13 procedimentos em diferentes órgãos e gastar 119 dias. O melhor desempenho é o da Nova Zelândia: um procedimento em um dia.
Obter licença para montar um depósito, construí-lo e ter autorização para o funcionamento é algo que Zezinho das Couves precisa ter paciência: 17 procedimentos diferentes em 469 dias. Perdemos feio para os líderes: são cinco procedimentos na Dinamarca e 26 dias gastos em Cingapura. E quem acha que eficiência é coisa de país superdesenvolvido, que olhe o exemplo de aqui bem perto: são oito procedimentos e 46 dias na Colômbia.
O pior desempenho do Brasil é na questão tributária. Em um ranking de 183 países, o País está na 150° posição, duas abaixo do ranking divulgado. Para trabalhar com toda a complexidade tributária, a empresa de médio porte do Zezinho das Couves gastaria 2,6 mil horas, a pior situação no mundo. Ou seja, precisaria que um trabalhador com uma jornada diária de oito horas dedicasse 325 dias do ano nesta atividade.
O pior é o impacto: 67,1% dos lucros vão para o governo. É só o dobro do que Gana, um país africano que tem um PIB quatro vezes maior do que o de Joinville. Apesar de 42,7% dos resultados das empresas virarem impostos nos países desenvolvidos, em média, esta burocracia consome 186 horas de trabalho por ano.
Do jeito que está, fica mais difícil para o Zezinho da Couves fazer com que o sonho de empreendedor vire realidade.

Falência
Outro problema é se o empreendimento fracassa: são precisos quatro anos para dar baixa e só é possível recuperar 17,9% do capital investido. Os melhores resultados são na Irlanda – onde é preciso cerca de cinco meses para resolver os problemas – e no Japão – onde é possível recuperar 92,7% do dinheiro aplicado.

Eletricidade
O melhor desempenho no Brasil está na instalação de energia elétrica. É o 51° no ranking mundial. São precisos seis procedimentos em 34 dias para consegui-la. A maior facilidade está na Alemanha: três dias e 17 procedimentos.

Fonte: Zero Hora