Prefeito de Montenegro Percival de Oliveira acompanhou audiências em Brasília

Audiências específicas devem voltar a debater problemas do arroz e das indústrias de máquinas agrícolas e calçadista


Prefeito Percival de Oliveira acompanhou audiências em Brasília

Os problemas que afetam os setores produtivos do arroz e do trigo, além da indústria vitivinícola, calçadista, moveleira e de máquinas e implementos agrícolas deverão ser discutidos em reuniões específicas na tentativa de sensibilizar o Governo Federal. Essa foi a principal decisão tomada no encontro que ocorreu ontem a tarde (19), em Brasília, no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). O prefeito Percival de Oliveira também participou do encontro, que contou com a presença da bancada federal gaúcha e da senadora Ana Amélia Lemos.

Durante a reunião, foram relatados problemas enfrentados pelos produtores de arroz, como o risco de descapitalização e o endividamento que estão enfrentando. O preço mínimo da saca de arroz é R$ 25, mas os produtores estão recebendo entre R$ 17 e R$ 19 por saca. Também foi solicitado o fim da importação de arroz de países vizinhos, medida descartada pelo ministro interino, Alessandro Teixeira.

O encontro também foi pautado pelos relatos de parlamentares e representantes de setores afetados pelas medidas protecionistas impostas pela Argentina. A demissão de 230 funcionários da John Deere de Horizontina no final do mês de abril foi destacada pelo prefeito Irineu Colato. Segundo ele, a decisão está ligada, principalmente, à redução de produção em virtude de que seu segundo maior comprador, a Argentina, deixou de importar os implementos agrícolas do Brasil e passou a comprar da China. O número de demissões representa 13% do total do quadro de funcionários da multinacional.

No que diz respeito às máquinas, o problema é mais amplo e envolve a questão cambial, a Argentina e a China. “Atrair investimentos faz parte jogo do mercado, mas coação de investimentos o governo brasileiro não aceita”, manifestou-se o ministro interino do MDIC, Alessandro Teixeira. O impasse relativo às máquinas será o ponto principal da agenda do governo brasileiro na Argentina, na próxima semana. “O que a Argentina está fazendo para burlar a pressão na indústria nacional é argumentar que empresas como a John Deere e a New Holand, por exemplo, são multinacionais, alegando que a pressão é feita em empresas estrangeiras”, relatou o Deputado Federal Jerônimo Goergen.

Outra situação evidenciada foi a falta de competitividade do setor calçadista em virtude da prática da triangulação para entrada no Brasil dos calçados chineses por outros países para burlar a decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC) de cobrar a sobretaxa de US$ 13,85 por par, foram outras dificuldades citadas na reunião. A crise no setor gerou a demissão de mais de 800 funcionários da Azaléia, em Parobé, no Vale do Paranhana, no RS, recentemente.

Para o setor moveleiro, há a intervenção da China, Filipinas, Vietnã, somado ao valor baixo do dólar. O governo deverá, no próximo mês, anunciar nova política industrial para o setor, que poderá resolver problema, afirmando que cresce a demanda interna pelos produtos. Já para a vitivinicultura, a dificuldade apresentada é buscar o equilíbrio no mercado, porque temos barreiras para o vinho de fora.

Alessandro Teixeira também colocou que, se não houver uma reforma imediata na política industrial gaúcha, haverá ainda mais dificuldades. Também foi afirmado na audiência que o governo descarta o fechamento da fronteira, mas novas barreiras poderão ser impostas se a Argentina não flexibilizar a relação com o Brasil.