Bem-vindos ao Fórum da Liberdade de 2011 @ internet e o indivíduo como agentes de mudança

É preciso estar de olho nas oportunidades, aconselha Romero Rodrigues


Foto: Tiago Trindade
O último painel da  segunda (11/04) teve a presença do diretor geral do portal Terra Brasil, Paulo Castro; do fundador do site de comparação de Buscapé, Romero Rodrigues e do jornalista debatedor Carlos Sardenberg. Eles abordaram o tema Tecnologia: Serviços e Oportunidades.
Castro iniciou tratando a revolução digital, incluindo o aumento dos acessos de banda larga e a utilização de internet em dispositivos móveis. Segundo ele, em 2010, 40% da população brasileira utilizou a internet. Além disso, apontou que, na América Latina, 96% dos usuários da rede acessam diariamente, sendo o maior tempo gasto com as redes sociais. Castro também trouxe dados sobre as atividades on-line. De acordo com o diretor geral do portal Terra Brasil, 90% dos usuários já publicou foto ou vídeo, 67 % expressa sua opinião e 59% se importa com a opinião dos outros. Para finalizar, ele abordou o consumo de vídeos on-line e apresentou dados sobre o portal.
Na sequencia, Rodrigues enfatizou o empreendedorismo. Empreendedor tem que estar atento às oportunidades, apontou. Ele incentivou os jovens – e não apenas jovens de idade, mas de espírito também- a empreender. Rodrigues afirmou que o modelo de negócio é sempre o mesmo, a diferença, no entanto, está no custo da distribuição, que no ambiente on-line é quase zero. Para ele, a internet brasileira é muito bem pavimentada, o que possibilita o investimento nesta área. Ao final, destacou que é este empreendedor jovem que vai mudar o Brasil, mas antes disso, deixou um conselho: É preciso estar de olho nas oportunidades, fazer agora e não esperar (…) quem sabe, faz agora.
Para conferir a programação completa do segundo dia, clique aqui.
Você pode acompanhar as palestras aqui no site ou pela cobertura através do perfil do Fórum no Twitter (@fliberdade).







A internet e o indivíduo como agentes de mudança

*Por Fábio Maia Ostermann
Desde os primórdios da internet, imprensa e opinião pública vêm louvando seu potencial libertador. A ordem descentralizada na qual ela é baseada, com o fluxo de informações indo e vindo de diversas fontes emissoras, teria o poder de canalizar o descontentamento popular com governos repressores e corruptos para gerar mudanças que trouxessem mais liberdade e prosperidade.
Com o advento das redes sociais, as expectativas cresceram ainda mais. Segundo seus entusiastas, essas ferramentas teriam o poder de diminuir radicalmente alguns custos importantes no processo de associação civil, como o custo de encontrar e alistar adeptos de uma mesma causa e mobilizá-los a distância.
A internet pode, sim, servir como catalisador de vontades, desejos e demandas reprimidas. Mas esperar que ela, por si só, cause mudanças institucionais é esperar demais de um mecanismo que diminui as distâncias entre indivíduos e ideias, mas que necessita da atuação proativa de uma peça muito importante nesse sistema: aquela que está sentada à frente do computador lendo este texto neste exato momento.
Tiago Dória ressalta bem isso, em artigo cujo título sintetiza bem a ideia: Hashtags não derrubam governos. Exemplo ilustrativo desse fato foi a campanha Fora Sarney!, surgida no Brasil em 2009, em meio a (mais) uma série de escândalos envolvendo o ex-Presidente da República e então presidente do Senado José Sarney. A hashtag #forasarney tornou-se rapidamente TT (trending topic) no Twitter; houve também razoável mobilização no Facebook, milhares de comunidades foram abertas no já decadente Orkut e comentários indignados foram postados em sites que noticiavam as últimas notícias envolvendo o político maranhense. Dois anos depois de a campanha ter tomado conta do Brasil, José Sarney continua sendo presidente do Senado (foi reeleito no começo de 2011).
Fenômenos como esse demonstram o papel limitado do ciberativismo em promover mudanças. A causa em comum (a saída de Sarney do posto de presidente do Congresso, em específico, e a moralização da política brasileira, em um sentido mais amplo) não foi forte o suficiente para que a pressão alcançasse aqueles a quem realmente cabia decidir sobre o futuro do senador (isto é, a maioria de seus colegas no Senado Federal – em especial senadores do PT e do PMDB, que insistiram em apoiar Sarney na presidência). Nem, muito menos, levou as pessoas a refletirem sobre o porquê da existência de um Sarney e de diversos “Sarneyzinhos” espalhados pelo Brasil: o excessivo poder interventor do Estado no Brasil, que o torna um imenso balcão de negócios no qual são criadas dificuldades para que sejam vendidas facilidades. Enquanto os Sarneys e grupos com interesses na extração de renda por meio do processo político (o chamado rent-seeking) alcançam seus fins, a maior parte das pessoas se satisfaz em reclamar e fazer sua parte protestando virtualmente, ao mesmo tempo em que permanece acrítica quanto às raízes do problema.
A internet apresenta-nos insondáveis possibilidades de educação, interação e informação. Cabe a cada um de nós, agentes de mudança no mundo real, aproveitarmos tais oportunidades para promovermos a mudança em direção a uma cultura de liberdade no Brasil, em contraste à cultura de servidão aqui imperante. Precisamos de um maior engajamento da sociedade civil e um maior comprometimento em torno de valores que possibilitem avanços em direção à liberdade e à prosperidade. A internet pode e deve ser uma grande aliada nessa tarefa.
*Advogado e associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)
** Texto publicado na 86ª edição da Revista Leader