Tomar empréstimos no Brasil tem custos punitivos.

Colunista do FT alerta para risco de 'crise subprime' no Brasil

Consumidores no Brasil (Foto: Agência Brasil)
Consumidores brasileiros se endividam a altas taxas de juros


Um colunista do jornal britânico Financial Times alertou nesta  que o Brasil corre o risco de estar diante de uma crise subprime no seu aquecido setor de crédito ao consumidor.
O artigo da coluna Insight, assinado pelo diretor da corretora de fundos de hedge Marshall Wace, Paul Marshall, traça paralelos entre a situação econômica atualmente vivida pelo Brasil e a economia americana às vésperas da crise em seu setor de crédito imobiliário, que deu início à crise mundial.

Para o colunista, o Brasil tem vivido uma farra do crédito: os empréstimos cresceram 2,4 vezes mais que o PIB nos últimos cinco anos, comparado com uma relação semelhante de duas vezes na Rússia, 1,6 na Índia e 1,2 na China.
Isto em si não é um grande problema, já que o país parte de um patamar baixo, escreve o colunista. Segundo Marshall, os empréstimos correspondem a apenas 46% do PIB, contra 165% nos Estados Unidos.
O problema é o fardo que esta dívida impõe sobre os consumidores, argumenta Marshall. Com uma taxa de juros alta, o consumidor brasileiro paga, em termos reais, taxas de cerca de 20% a 25%, ele cita. Tomar empréstimos no Brasil tem custos punitivos.
Os pagamentos de dívida honrados pelos consumidores brasileiros equivalem hoje a cerca de 24% de sua renda, comparado com um nível de 14% nos Estados Unidos quando a crise subprime estourou.

A situação no Brasil é preocupantemente similar à da crise subprime dos Estados Unidos. Os bancos estão empurrando muito crédito a altas taxas para consumidores que, no fim, não serão capazes de honrar a dívida, escreve o analista.
Para Marshall, o alerta de uma possível crise no setor de crédito do Brasil foi dado pelas complicações envolvendo o banco PanAmericano, que teve de ser resgatado.

Em termos legislação, o país ainda precisa de mecanismos eficientes de controle de crédito, e os bancos ainda operam a altos custos, afirma o analista.

Além disso, o momento atual é desvantajoso para o Brasil porque a recuperação econômica de outros países pode levar a um aumento geral das taxas de juros para controlar pressões inflacionárias.
Para Paul Marshall, embora tenha sido recompensado pelo mercado por suas políticas recentes, o país precisará de mais gerenciamento habilidoso para desinflar a atual bolha de crédito sem perder o controle.
Fonte: BBC Brasil.com