Médico é suspeito de negociar bebê em Porto Alegre


Casal de médicos é suspeito de negociar bebê em Porto Alegre
Negociação teria sido intermediada por uma enfermeira do posto onde a mãe, de 21 anos, fez o pré-natal

Envolto em um cobertor azul claro, um menino que neste domingo completará seis dias de vida, está no centro de uma investigação policial que envolve um casal de médicos, uma enfermeira e uma mãe decidida a se livrar do filho.

Segundo a delegada do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca), Jane Bilyez, a criança nasceu na segunda-feira passada na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e teria sido entregue ao casal de médicos no dia seguinte, pela mãe, de 21 anos. A negociação teria sido intermediada por uma enfermeira do posto de saúde do bairro Bom Jesus, onde a mãe fez o acompanhamento pré-natal.

Durante a semana, a avó, Aracy Silva, teria ido visitar o neto, mas não o encontrou. Ela conversou com a equipe de reportagem da RBS TV na sede do Deca, enquanto aguardava para prestar depoimento.

- Eu não achei o meu neto, eu não acho certo. Criança tem de ser criada pela mãe. Eu apertei ela (a filha) e daí ela me contou que tinha dado o guri para o casal de médicos. Depois que eu avisei a polícia, decidiram desfazer o negócio - afirmou Aracy.

- Mas a sua filha deu ou vendeu a criança? - questionou a reportagem.

- Ela me disse que deu, mas eu não concordo. Esse casal, se quer um filho. tem de entrar na fila de adoção.

Avisados pela mãe da criança de que a polícia já sabia do caso, o casal teria decidido devolver o bebê. O lugar escolhido foi o estacionamento do Shopping Iguatemi, na tarde deste sábado. O médico, acompanhado da enfermeira responsável pela intermediação, entregou o menino à mãe. Um policial civil testemunhou a cena. Os envolvidos foram levados para o Deca, onde prestaram depoimento.

O advogado do casal de médicos, que não quis se identificar, disse à reportagem que "tudo não passa de um engano". A legislação brasileira não permite a doação direta de crianças. O trâmite deve ser feito por meio da Justiça. Caso se configure que houve transação financeira, o caso pode se agravar, uma vez que o artigo 238 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) proíbe entrega de criança mediante pagamento ou recompensa.

FONTE: RBS TV