VIAGRA FEMININO UM ANTIDEPRESSIVO


Nova droga aumenta o desejo sexual em mulheres
Assim como o Viagra, efeito do novo remédio foi descoberto por acaso
O órgão que regula drogas e alimentos nos Estados Unidos, o FDA, está decidindo se aprova uma droga para aumentar o desejo sexual em mulheres. Este transtorno chamado de desejo sexual hipoativo (DSH) afeta pelo menos 35% da população brasileira, segundo estimativas de psiquiatras. O medicamento flibanserin foi desenvolvido originalmente como um antidepressivo, mas, segundo o laboratório alemão dono da patente, ele teria um impacto positivo na melhora da libido.
Esse transtorno caracteriza-se pela diminuição do desejo sexual, ausências de fantasias eróticas, e está associado a forte angústia e dificuldades interperssoais. Os dados dos ensaios clínicos com o fármaco, apresentados na reunião anual do Congresso Americano de Obstetras e Ginecologistas, mostraram que 100mg diários do medicamento aumentaram significativamente o desejo sexual das pacientes e reduziu bastante a angústia associada à queixa. Assim como o Viagra – uma das pílulas usadas para tratar disfunção erétil que foi criado originalmente para tratar a hipertensão e a angina, o efeito do flibanserin na libido feminina foi descoberto por acaso.
Nos ensaios clínicos com o medicamento, muitas mulheres relataram que ele não funcionava bem como antidepressivo, mas informaram um efeito secundário inesperado e positivo: um maior interesse sexual e experiências sexuais mais satisfatórias. Então o laboratório Boehringer Ingelheim decidiu investigar a ação contra o DSH. E no mês passado a empresa solicitou ao FDA licença para sua comercialização nos Estados Unidos.
O medicamento aumenta os níveis de serotonina, uma substância química que regula o humor, o ânimo, no cérebro e ainda tem efeito na dopamina, outro neurotransmissor – diz Franklin Lowe, professor de urologia clínica da Universidade de Columbia e também ligado ao laboratório alemão.
Ele explica que a medida que a mulher envelhece há uma redução da libido. Há alguns anos isso não seria um grande problema porque os homens também sofriam com isso, mas com o lançamento de drogas para disfunção erétil hoje há um descompasso entre casais numa certa idade.
O verdadeiro problema é esta desconexão entre o aumento do desejo sexual no homem e a falta de libido na mulher. O objetivo com este fármaco é tratar as mulheres que sentem angústia devido à falta de líbido e com relacionamentos em crise comenta Lowe.
Porém nem todos os pesquisadores concordam que o DSH é um transtorno biológico que necessita de tratamento com medicamentos. Na opinião de Liz Canner, especialistas em trastornos sexuais femininos, trata-se de uma problema psicológico.
Desde que o Viagra se mostrou eficaz a indústria tem buscado um similar para as mulheres. Mas esses vasodilatadores não funcionaram em mulheres. Depois tentaram usar testosterona para aumentar o desejo sexual no sexo feminino. Agora estão testando a combinação de serotonina e dopamina. Mas muitos das queixas de desejo sexual são causadas por problemas nas relações pessoais afirma.
Lowe concorda que o desejo sexual está baseado numa combinação de fatores psicológicos, psicossociais, hormonais e interpersoais. Mas afirma que o medicamento pode ajudar as mulheres que sofrem de alterações hormonais e ser uma ferramenta útil.
Certamente ele não terá o mesmo impacto que o Viagra nos homens, porque nas mulheres o impulso sexual e todos os assuntos sexuais em geral são muito mais complexos acrescenta o médico.
AGÊNCIA O GLOBO