Desconfie de produtos que prometem solução rápida e milagrosa


Ministério Público de Defesa do Consumidor já retirou vários do mercado

Há pessoas que acreditam em Papai Noel e em Coelhinho da Páscoa. Outras, são seduzidas por ofertas enganosas que fazem mal à saúde e, principalmente, ao bolso. Neste grupo estão os que confiam na eficiência de remédios e produtos, sem comprovação científica, que prometem emagrecimento ou a cura, do alcoolismo à impotência sexual, em poucas semanas.

Fraudes deste tipo têm sido combatidas pelo Ministério Público do Estado. Nos últimos dois anos, vários medicamentos e objetos de origem duvidosa foram retirados de circulação, após denúncias de clientes logrados.

Entre os absurdos que chegaram às mesas dos promotores, estão casos como o do realinhador molecular que gerava economia de combustível.

Análise na Petrobras

O desejo de gastar menos e andar mais levou muitos motoristas a caírem no golpe. Bastava colocar uma espécie de anel de metal, com ímã, em volta da mangueira de combustível, para alcançar a sonhada redução de consumo.

Fizemos os testes na Petrobras, em Canoas, para explicar à Justiça que o produto não funcionava afirmou o promotor de Justiça de Defesa do Consumidor, Alexandre Lipp João.

Ele conta que o Ministério Público já ingressou com mais de 20 ações de reparação de danos contra pessoas físicas e jurídicas (empresas, bancos e financeiras).

Para envelhecer o vinho

Na próxima semana, o promotor abrirá um inquérito civil público para investigar outra pilantragem. Trata-se de um acessório para vinhos, vendido pela internet. Segundo a propaganda da empresa, o anel de metal, preso ao gargalo da garrafa ao servir, ativa um magnetismo, que agita as moléculas da bebida, acelerando o processo de envelhecimento. A versão nobre, embalada dentro de uma caixinha, custa R$ 95.

O pesquisador da área de enologia (estudo dos vinhos) da Embrapa, Mauro Zanus, desconhece qualquer evidência científica ou avaliação técnica que possa dar respaldo a estas informações.

O envelhecimento do vinho se dá em duas etapas: nas barricas de carvalho e na garrafa fechada. Neste processo de acondicionamento, o vinho passa por uma série de transformações – concluiu Mauro, referindo-se a modificações na cor e aroma da bebida.

Voar ou rastejar

O pensamento mágico nos persegue do berço à sepultura. É necessário que cresçamos para a realidade, nada é mágico na vida. Esse pensamento mágico alimenta as ambições. E ambições são perigosas. Claro, há ambições que nos fazem voar, mas há também as que nos fazem rastejar. Pensamento mágico é achar que na vida existem atalhos, para a riqueza e boas vantagens. Esse atalho não existe. Tem cabimento, senão pela estupidez da ambição, que um sujeito compre um bilhete premiado de alguém que passa pela calçada?

No passado, vendiam-se pulseirinhas de cobre que prometiam vigor e restituíam a saúde. Bandos de trouxas caíram no engodo. Saúde se conquista com vida equilibrada, boa alimentação, exercícios. Vinho envelhece no tempo, não por um artifício falacioso. Quem quiser vantagens, ou atalhos para uma boa vida, procure o caminho mais longo, da ambição que faz voar. O resto é trampa.

Médico faz alerta

O médico e gerente de internação do Hospital Conceição, Paulo Bobek, afirma que, dependendo da composição e mistura presentes em falsos remédios para emagrecimento, as substâncias ingeridas podem causar efeitos colaterais:

Às vezes, há anfetaminas, inibidores de apetite e diuréticos. Se estiverem misturados, podem causar aumento de pressão, desidratação e até retardo nos reflexos para o motorista.

Ele faz uma ressalva aos fitoterápicos. Eles são medicamentos feitos de partes de plantas, como chás, extratos e tinturas. Segundo a Anvisa, podem auxiliar no tratamento de várias doenças.

Outros medicamentos, embora tenham componentes inofensivos à saúde, não fazem qualquer efeito. Por isso, o indicado é não usar remédios sem antes consultar um médico.
Dicas
Na hora da compra, verifique sempre na embalagem:
- Se consta a data de validade do produto.
- Se consta o nome do farmacêutico responsável pela fabricação e o número de sua inscrição no Conselho Regional de Farmácia.
- O registro do farmacêutico responsável deve ser do mesmo Estado em que a fábrica do medicamento está instalada.
- Se consta o número do registro do medicamento no Ministério da Saúde.
Onde denunciar
- Ministério Público: consumidor@mp.rs.gov.br
- Condecon Municipal: 3632.3122
- Delegacia do Consumidor: 3212-9476
- Vigilância Sanitária Municipal: 156
FONTE: DIÁRIO GAÚCHO