Prédio do Frigorifico Renner em Montenegro poderá ser dinamitado

Prédio do Renner poderá ser dinamitado em março

EMPRESA ESPECIALIZADA REALIZARÁ A IMPLOSÃO

Durante a visita a Montenegro, na última terça-feira, dia 9, quando representou a governadora Yeda Crusius na assinatura da ordem de serviço para a construção de uma quadra poliesportiva coberta na Vila Esperança, do bairro Senai, o secretário de obras públicas do Estado, José Carlos Breda, em entrevista para a Rádio América, declarou que a destruição do prédio do antigo frigorífico Renner, na beira do rio, deverá acontecer no próximo mês de março.

"A demolição já está autorizada", afirmou, dizendo que serão investidos R$ 370 na implosão, por parte de uma empresa especializada. "Vão dinamitar", completa.

Sobre a polêmica em torno da demolição do prédio, situado na margem do rio Caí, junto da rua Álvaro de Moraes, Breda diz que está atendendo um pedido do prefeito Percival de Oliveira. Em encontro com o secretário, em junho do ano passado, o prefeito informou que existem laudos comprovando que o local está condenado. "Esses laudos sugerem a demolição do prédio, pois a estrutura está completamente danificada, representando inclusive riscos para a população", destacou. A área em torno do antigo frigorífico, que pertence a Escola Técnica da Brigada Militar, junto ao cais do porto, foi isolada com a colocação de canos e uma placa alerta para o perigo. De acordo com Percival, o Poder Judiciário também já se manifestou sobre o assunto. Um ofício foi encaminhado ao Gabinete do prefeito pedido que fossem tomadas providências com relação ao assunto.

José Carlos Breda cita que havia uma ação judicial que impedia a demolição. Entretanto, garante que agora já está autorizado. "Vou pelo que me apresentaram tecnicamente", diz. "O processo está no jurídico da Brigada Militar", complementa. Mas Breda diz que houver um pedido da Prefeitura ou da Justiça no sentido de manter a estrutura, irá atender a solicitação. Ele lembra que alguns prédios antigos do Estado já foram restaurados. Sobre o processo de implosão, diz que algo raro no Estado, que não ocorre há muitos anos.

"Vai chamar a atenção", conclui.

>>Projetos
O deputado estadual Paulo Azeredo é um dos que defende a recuperação do antigo prédio do Renner. Juntamente com o vereador Ari Müller, ele esteve na Secretaria de Obras do Estado em 2008, solicitando uma avaliação da estrutura e um estudo da possibilidade de restauração. Mas lamenta que não obteve resposta.

Um abaixo-assinado também chegou a ser lançado. Nesta semana o deputado manteve contato com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), para que ocorra uma interferência no entido de impedir a destruição e buscar a recuperação. Uma reunião no IPHAN foi marcada no dia 23 de fevereiro. Antes, dia 18 o parlamentar terá uma reunião no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Estadual (IPHAE). Azeredo cita como exemplo os prédios da antiga estação férrea, hoje Estação da Cultura, e da usina Maurício Cardoso, onde está atualmente a sede da Câmara de Vereadores, ambos em Montenegro e que se encontravam em ruínas e foram totalmente restaurados.

Um grupo de arquitetos da cidade e ex-funcionários do frigorífico também defendem a restauração do Renner. A arquiteta Aline Markus Athaydes chegou a elaborar um trabalho de conclusão do seu curso, onde concluiu que a recuperação era possível e o prédio poderia ser aproveitado para cursos e oficinas. O mesmo defende a arquiteta Marília Gabriela de Oliveira, que fez um trabalho de graduação sobre a revitalização do cais do porto. Mais recentemente, o arquiteto Felipe Tenn-Pass elaborou um projeto intitulado "Indústria da Música", onde mostra que a revitalização do prédio é viável. A proposta de Tenn-Pass foi elogiada pelo ex-secretário municipal de obras, engenheiro Marcelo Schüller, o qual considerou a ideia excelente.

Alunos do curso técnico de turismo da Escola São João Batista apresentaram um trabalho na Expotec (feira da escola) sobre o frigorífico Renner. No projeto, destacam a importância histórica e econômica do frigorífico. Eles realizaram uma pesquisa onde constataram que 75% dos montenegrinos defendem a manutenção do prédio, sendo que a maioria (63%) entendem que o local poderia ser transformado num complexo cultural. O trabalho foi apresentado em setembro do ano passado pelos estudantes Bruna de Araújo Petry, Claudinei da Silva e Eliane da Silva. Entre as referências bibliográficas constou reportagem do Fato Novo de 20 de março de 2008, com o título: "Demolição ou recuperação?".

Fonte: Guilherme Baptista - http://www.fatonovo.com.br

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