TRABALHO
Ser competitivo é um ingrediente importante não apenas para empresas, mas também para profissionais que desejam alcançar uma posição de destaque no mercado. O consultor do Idort/SP Américo José da Silva Filho, especializado em recursos humanos e motivação, alerta que a busca pelo crescimento, no entanto, não deve ser entendida como sinônimo de deslealdade.
Em entrevista a Zero Hora, Silva Filho explica que é possível crescer usando nada além do próprio talento:
Zero Hora - Como é possível ser competitivo no ambiente de trabalho sem prejudicar os colegas?
Américo José da Silva Filho - Temos de focar na competitividade de uma maneira limpa. No trabalho, o que temos de nos acostumar é a reconhecer a competência nas outras pessoas. O ambiente passa a ser mais sadio onde as pessoas se respeitam e se valorizam. Porque hoje, o que acontece em muitos locais é que o funcionário deixa de fazer um bom trabalho com medo do que as pessoas vão pensar.
ZH - E por que é tão difícil reconhecer o trabalho de outra pessoa?
Silva Filho - Porque nós temos todo um lado da emoção, egoísta, que só acha bom aquilo que fazemos. Dificilmente você olha para uma pessoa e diz: "puxa, como você está bonita" e para por aí. Normalmente, essa coisa de reconhecer outra pessoa sempre vai carregada de uma palavra chamada "mas". Eu falo: como você é bonita, mas... Aí é o momento em que tentarei me equiparar a você, tentarei mostrar que você tem alguma deficiência, que serei melhor. Isso começa muito também com a direção da empresa, com a chefia, a gerência, a diretoria.
ZH Que atitudes podem ser encaradas como competição desleal?
Silva Filho - Uma coisa que é muito desleal é a sonegação da informação. Eu tenho uma informação que pode ser importante para você, mas essa informação não chega na sua mão. É eu me antecipar e pegar uma ideia que é sua, que você conversou comigo, e tomar posse dela mascarando. Não digo que é minha, mas também não digo que é sua. Se acontecer, o crédito é meu. Tem ainda a fofoca desnecessária. Para resolver isso, você precisa chamar a pessoa para conversar. Sentar perto dela e falar: o que tá pegando? Por que essa atitude em relação ao meu trabalho? É em relação ao meu trabalho, não em relação a mim. Vou chamar a atenção dele para o meu trabalho. Eu não quero que ele goste de mim. Quero que me respeite como profissional.
ZH - O quanto um competidor desleal pode atrapalhar o trabalho de outra pessoa?
Silva Filho - Muito. Quando a pessoa não é leal, não é honesta, em vez de querer trabalhar e produzir, vai querer produzir em cima das suas falhas. Essa pessoa vai espalhar histórias, vai estar ao seu lado pegando informação para repassar. Vai encostar em você. O competitivo desleal vai procurar ser seu amigo, fazer com que você abra seu coração com ele. Enquanto isso, ele está trabalhando toda informação do jeito dele, está manipulando a informação.
ZH - Que significa ser um profissional competitivo e ético?
Silva Filho - Citar a fonte de onde pegou a informação é o primeiro passo. Significa dizer: "fulano fez isso, eu achei legal e estou colocando no meu trabalho". A liberdade de expressão é outra coisa. A pessoa ética procura respeitar os prazos. Aquilo que ela assume como compromisso, procura cumprir. São em alguns detalhes que você começa a perceber as atitudes éticas. É gente que fica vermelha quando faz algo que não é legal. Também pede desculpas.
GISELE LOEBLEIN - Zero Hora.com
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