SOFTWARE LIVRE É NEGÓCIO PROMISSOR


Software livre é negócio promissor
Fórum que chega à 10ª edição na Capital discute um segmento que já
movimenta mais de US$ 100 milhões por ano no país
Vanessa Nunes | vanessa.nunes@zerohora.com.br

Você pode até não pagar nada para usá-lo no seu computador, mas
software livre não é de graça. Pelo contrário, é um mercado lucrativo.
No Brasil, em 2008, movimentou US$ 106 milhões, aponta um estudo da
consultoria E-Consulting.

– Hoje, o conhecimento não está mais concentrado, fica distribuído nas
redes. Ninguém vai ganhar dinheiro com o código-fonte (como se fosse a
receita de como é feito o software) e a cópia, mas na sua
implementação, na possibilidade de customizar, dar treinamento na
área. Esse é o modelo de negócios – explica Marcelo Branco,
coordenador-geral da Associação Software Livre (ASL).

Quem desenvolve, utiliza ou só se interessa mesmo por esses programas
de código aberto tem um ponto de encontro anual em Porto Alegre. De
quarta a sábado desta semana, ocorre o 10º Fórum Internacional
Software (Fisl), organizado pela ASL. O evento é vitrina para empresas
como a gaúcha Propus, dos sócios Carlos Eurico do Canto, 51 anos,
Pablo Lorenzzoni, 29, e Marlon Dutra, 28, que se conheceram no
movimento gaúcho de software livre. Eles prestam serviços de
infraestrutura de TI, por exemplo, na implementação de servidores.

– Mesmo no software proprietário, o que movimenta a roda são os
serviços, a mão-de-obra, não o custo da licença. Na cadeia, o custo
com software livre é menor, porque tu reaproveitas muita coisa, podes
partir de algo já pronto e customizar para o cliente – esclarece
Dutra.

A empresa faturou R$ 1 milhão em serviços no ano passado. Três quartos
com clientes de fora do Estado.

– Temos negócios que começaram no Fisl – acrescenta.

Com o uso de programas de código aberto, o governo federal brasileiro
economizou R$ 370 milhões do início de 2008 a março deste ano.

– Há mais de 5 mil telecentros no Brasil, imagina quanto custaria se
tudo isso fosse feito com software proprietário? – argumenta Marcos
Mazoni, diretor-presidente do Serpro e coordenador do Comitê de
Implementação de Software Livre no governo federal.

Para fomentar novos negócios na área no país, o Serpro trará para o
Fisl a sua plataforma de desenvolvimento Demoiselle.

– Trabalhamos com a demanda governamental, mas podemos impulsionar
empreendedores no uso de soluções livres para atender a iniciativa
privada – afirma Mazoni.

O fórum também movimenta a economia porto-alegrense. Dos mais de 6,3
mil inscritos até agora, 85% são de fora da cidade.

– É daqueles eventos de encher os hotéis – comemora o presidente do
sindicato do setor, Daniel Antoniolli.

Estimativa da Embratur aponta que o turista de eventos gasta, em
média, US$ 150 por dia.

– Essa distribuição fica na hotelaria, na gastronomia, se pulveriza
pela cidade, em transporte, atividades culturais. Compras são itens
que também aparecem – afirma a coordenadora de planejamento da
Secretaria do Turismo de Porto Alegre, Maria Helena Müller.

A expectativa dos organizadores do evento é de que o encontro injete
até R$ 5 milhões na economia de Porto Alegre. Sem contar que o Fisl
também é conhecido pelas oportunidades de vagas de trabalho:

– Os olheiros das grandes empresas estão vindo buscar talentos. Não só
empregar pessoas, mas em busca de projetos de tecnologia em que possam
investir – avisa Branco.

Serviço
O que: 10º Fórum Internacional Software Livre
Quando: 24 a 27 deste mês, quarta a sábado
Onde: as palestras serão realizadas no Centro de Eventos da PUCRS
(Avenida Ipiranga, 6.681, em Porto Alegre), das 9h às 18h (até as 21h
no último dia). A programação também inclui eventos noturnos
espalhados pela cidade.
Informações: www.fisl.org.br
O QUE É
> Software livre não é o mesmo que software gratuito. São programas de computador que podem ser usados, copiados e distribuídos livremente. Qualquer um pode acessar o código-fonte (como se fosse a sua receita) e até modificá-lo.
> Em um software proprietário, como o Windows, o código-fonte é secreto, e copiar o programa é considerado pirataria.
ALGUNS DESTAQUES DO EVENTO:
> Mais de 300 atividades.
> Festival de robótica, arena de programação, mostra de soluções de empresas.
> Entre os palestrantes internacionais, destaque para Peter Sunde, cofundador do Pirate Bay, serviço de buscas condenado na Suécia por infração de direitos autorais. Participa ainda o fundador do movimento de software livre nos anos 80, Richard Stallman.
Fonte: ZH.com

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