O aposentado Asdrúbal Rodrigues de Matos, 69 anos, esteve ausente de casa, na Vila Liberdade, em Jundiaí (SP), por quatro dias durante o feriado prolongado de Corpus Christi e, na volta, encontrou sua casa arrombada, móveis revirados e um bilhete em cima da cama. "Vim para roubar mas não tem dinheiro até a m*** do carro não pego (sic)", estava escrito na folha de caderno, em tinta vermelha e letra de forma.
"Na hora que chegamos e vimos a bagunça foi aquele susto, mas o incrível é que nada foi levado", contou o aposentado, morador de uma casa térrea. Ele disse que a vizinhança é calma e é raro ouvir falar de assaltos. "Ninguém viu ou ouviu nada", relatou.
O aposentado lamentou o dano na lataria do carro da família. O Fusca VW amarelo, ano 1981, teve os faróis dianteiro e traseiro danificados e parte do para-choque e do capô amassados. "Acho que vou gastar R$ 1 mil com o conserto", afirmou.
Fora isso, o aposentado deve trocar as fechaduras. "A gente não sabe o que tem na cabeça de alguém que faz isso", comentou, explicando que está receoso e com medo, principalmente por não ter visto o rosto do ladrão e, por isso, não poder reconhecê-lo em um eventual encontro.
Mesmo com o portão fechado, os muros altos com pontiagudos pedaços de vidro nas extremidades, o ladrão conseguiu entrar no quintal e arrombar a porta da casa.
Lá dentro, teve acesso aos aposentos da casa. Para escrever o bilhete, colocado sobre a cama que o aposentado divide com sua mulher, o desconhecido usou o caderno escolar e a caneta de um de seus netos.
Matos mora com a mulher, Maria Ribeiro da Silva, 47 anos, e com dois netos. Todos haviam ido para Franco da Rocha visitar uma familiar. "Ele não levou o talão de cheque, o cartão de crédito e desprezou até as moedinhas que estavam em cima de um móvel" contou.
Para o delegado Hamilton de Souza, da 3º Distrito Policial, no bairro da Ponte São João, o invasor da casa é um gozador. "Isso foi uma grande gozação. É um caso raro na policia", comentou o delegado, acrescentando que é a primeira vez que registra um caso em que um bilhete é deixado no local do crime. "Em geral, o ladrão costuma levar alguma coisa."
Segundo Souza, quando o ladrão não consegue levar um objeto muito pesado, por exemplo, é comum ele quebrar ou danificar. "Por raiva, por ser uma pessoa ruim", afirmou.
"Esse ladrão deve ser um ignorante e nem sabe escrever", disse, mostrando a folha dobrada é anexada como a única "pista" . "Se esta pessoa for pega, um exame grafotécnico pode comprovar sua autoria e ele ser indiciado", explicou.
O caso foi registrado como furto qualificado com ato de arrombamento e dano material. Se for preso e condenado, o acusado pode pegar de dois a oito anos de prisão.
Fonte: Terra.com.br
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