Os sonhos que o golpe roubou
Mais de 200 aposentados adiaram planos após serem alvos de quadrilha que falsificava documentos para sacar indenizações do INSS
Dimas, 57 anos, queria ajudar a mulher transplantada. Isabel, 60 anos, pensava em comprar uma residência para a filha de 20 anos. Marcelo, 40 anos, desejava algo bem mais simples, consertar os dentes. Paulo nem planos tinha, apenas queria o dinheiro para pagar contas com mais folga. Todos ganharam na Justiça indenizações da Previdência Social. Todos tiveram de adiar seus sonhos porque uma quadrilha desviou do banco as quantias a que eles tinham direito.
Pior que isso: em alguns casos, os que foram vítimas desse estelionato terão de provar que não foram os autores dos saques. Isso porque os estelionatários usaram suas identidades para retirar o dinheiro no banco.
O pesadelo que se abateu sobre Dimas, Isabel, Marcelo e Paulo atingiu mais de 200 gaúchos desde o início de 2008. Essa é a mostra prévia de vítimas do golpe do saque fraudulento de precatórios da Previdência Social desbaratado esta semana pela Polícia Federal (PF), com a prisão de nove pessoas. Mas o número de lesados pode ser muito maior, até porque a quadrilha funcionava como uma fábrica de falsificações.
Os golpistas forjavam identidades por toda a Região Metropolitana, mas especialmente no Vale do Sinos, o que levou os policiais a apelidarem a sua investigação de Operação Sinos.
O delegado responsável pelas investigações, José Luís Raupp, pretende indiciar mais de 50 envolvidos no golpe, para responderem por crimes como estelionato e formação de quadrilha. Pelo menos cinco tiveram a prisão preventiva solicitada à Justiça.
humberto.trezzi@zerohora.com.br
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