QUARTOS PARA ALUGUEL


Crise aumenta procura por microquartos de 2 m² no Japão

Quartos minúsculos para aluguel - alguns medem menos de 2 m² - têm se popularizado no Japão. Antes usados apenas para um pernoite, eles se tornaram, por causa da crise, abrigo temporário para uma classe de pessoas pobres que cresce nas grandes cidades japonesas.

Este mercado, dirigido em sua maioria a estudantes ou trabalhadores temporários solteiros, aumentou e vem atraindo investimentos de empresas no ramo. Quitinetes de até 15 m² foram divididas em diversos quartos, que são alugados por curto período de tempo. Banheiro e cozinha são de uso coletivo. A diária varia de US$ 9 a US$ 30, dependendo do tamanho do quarto e dos serviços oferecidos.

Se o aluguel for mensal, o hóspede desembolsa no mínimo US$ 270. Os pequenos quartos são a alternativa mais barata para sair das ruas.

"Com a chegada da crise, no final do ano passado, registramos uma ocupação de até 95% dos nossos apartamentos", comemora Koji Kawamata, 25 anos, gerente geral da Tsukasa Urban Development, que oferece quartos com um computador e acesso a internet para procura de emprego, batizados pela empresa de "net rooms".

Grande procura
A Tsukasa tem hoje cerca de 2,8 mil quartos disponíveis para aluguel em Tóquio, a maioria com cerca de 3 m².

"Percebemos que cada vez mais pessoas vão precisar de locais como esse, por isso estamos construindo outros prédios", conta Kawamata.

Diferente dos famosos hotéis cápsulas e dos internet cafés, que também permitem um pernoite e são baratos, os microquartos garantem ao usuário um pouco mais de conforto - apesar do espaço ser suficiente apenas para um adulto se deitar.

"É ótimo também para pessoas que não têm salário muito alto como eu e querem mais privacidade", sugere Tomoaki Yoshikawa, 37 anos.

Ele usou um "net room" por alguns meses e hoje, após conseguir um emprego, vive num apartamento um pouco maior, de cerca de 13 m².

Segundo as empresas que alugam quartos temporários, a maioria dos clientes é do sexo masculino e está na faixa etária dos 30 aos 60 anos. Do final de 2008 para cá, muitos desempregados que recebem o seguro desemprego passaram a usar o serviço.

A procura é grande também por pessoas que vêm do interior. O japonês Hiyama, 41 anos, é um exemplo. Ele deixou a cidade de Hiroshima há quatro meses, depois de perder o emprego, para tentar a sorte na capital japonesa.

"Vim com a intenção de fazer qualquer coisa, mas não achei que ia ser tão difícil", conta ele, que ficou dois meses parado e em fevereiro começou a trabalhar como faxineiro.

Hiyama ganha pouco - o valor ele não informa -, mas o suficiente para pagar as contas.

"Alugar um desses quartos também ajuda na hora de procurar emprego, pois geralmente as empresas pedem um endereço fixo", conta o japonês.
FONTE: BBC Brasil.com