GORDA, LINDA E FELIZ


Jamais mudaria o meu corpo”
Fluvia Lacerda, 27 anos, é carioca, veste manequim 48 e trabalha como modelo de tamanhos grandes em Nova York. Por telefone, ela disse a Criativa que está feliz com o corpo e que não gostaria de mudá-lo. Leia trechos do depoimento.

'Há uns três anos eu estava em um ônibus em Manhattan e fui abordada por uma moça que me perguntou se eu considerava a idéia de trabalhar como modelo 'plus size' (de tamanhos grandes). Sempre fui cheinha e achei que era piada, mas, depois de algumas semanas, fui procurar um agente. Hoje consigo me manter só como modelo e já trabalhei para lojas e revistas. Quando vou ao Brasil, é engraçado. As pessoas se chocam quando ficam sabendo que trabalho como modelo em Nova York. Isso até elas verem meu book ou meu site - aí acham superlegal.

Nunca tive paranóia com relação ao meu corpo. Eu me olho no espelho e não vejo nada de errado. Me acho linda. Gosto do meu corpo, gosto de quem eu sou. Já sofri pressão de gente que dizia: 'Você tem um rosto tão bonito, mas se fosse mais magra…'. Parecia que eu não tinha um corpo, que era só o rosto. E eu nunca me senti assim. Sempre tive autoconfiança, não ficava mal porque eu não era tão magra quanto as amigas da escola.

Não me acho gorda no sentido pejorativo. Quando ouço a palavra gorda, me vem à cabeça alguém inativo, que come mal e não se cuida. E esse é totalmente meu oposto. Sou muito ativa, ando de bicicleta, danço, não como porcaria. Me cuido como qualquer outra pessoa, mas a minha genética é assim. Não posso passar a vida me sentindo mal pela forma que Deus me fez. Então, em vez de ficar em guerra contra minha própria natureza, eu a aceitei e sempre fui feliz. Sou uma brasileira maravilhosa e tenho um marido maravilhoso, um australiano que me curte demais. Sou muito grata pela vida que tenho e jamais mudaria o meu corpo e quem eu sou.

Fico impressionada quando vou para o Brasil e minhas primas falam de cirurgia plástica como se fosse uma ida ao cinema. Acho todas tão lindas, mas elas não conseguem se ver dessa forma. É preciso muita coragem para entrar na faca por vaidade, e é uma coisa que eu não faria, principalmente porque não vejo necessidade. Nunca fui de só gostar de alguém se for assim ou assado. Eu vejo modelos magras lindas. Acho a Gisele bonita. Já passei pela Adriana Lima por aqui e a achei linda pessoalmente. Quando se é saudável, ser baixa, alta ou magra é indiferente.

Adoro me vestir bem e aqui nos Estados Unidos tenho muitas opções. Já no Brasil é impossível encontrar roupa. Acho cômico, porque conheço muitas mulheres que usam manequim 44 ou 46 e sofrem para se vestir. Eu uso manequim 48 e tenho 1,70 de altura. Meu peso eu não sei, porque não me peso. É só um número, e um número que não importa. Cria mil paranóias. Consigo perceber se eu perco ou ganho peso se a roupa está mais folgada ou apertada. Eu me ligo para não passar do peso em que estou por causa dos meus trabalhos. Se noto que o jeans está ficando um pouco apertado, sei que tenho que diminuir um pouquinho a massa ou algo assim.'

Fonte: www.criativa.globo.com