DESANIMO GERAL


Desânimo pode acabar com a carreira profissional
Segundo consultor, a maior queixa das empresas e recrutadores é a falta de gente com vontade, e não com qualificação
Existem dois tipos de profissionais: aqueles que estão assistindo ao jogo na arquibancada e aqueles que estão jogando dentro do campo. No mercado de trabalho, os acomodados dividem espaço com os ávidos por desafios. Enquanto um encara o trabalho como Sísifo (personagem da mitologia grega condenado a carregar uma pedra até o topo de uma montanha por toda a eternidade), outros tentam fazer com que os problemas se tornem desafios.

Segundo o consultor em desenvolvimento de talentos, Adroaldo Lamaison, o desânimo nos profissionais é atribuído a uma mentalidade antiga, que via o trabalho como obrigação e sacrifício. Ele explica que esse grupo de profissionais olha apenas para o fim do mês, quando deveria ser como a outra equipe, que faz planos e mira o futuro.

– Cerca de 70% dos profissionais não sabe por que vai ao trabalho. O melhor dia da semana para a maioria é a sexta-feira. O pior, é o domingo à noite – conta Lamaison.

O consultor avalia que a maior queixa das empresas e recrutadores é a falta de gente com vontade, e não com qualificação. De acordo com ele, tudo se torna difícil para quem não tem aspirações.

– Às vezes o profissional culpa o outro, culpa a Deus, culpa a crise, mas não enxerga a própria acomodação – ressalta.

No entanto, a falta de ação de alguns profissionais nem sempre depende da personalidade de cada um. Lamaison ressalta que em alguns casos, os próprios chefes são castradores. Segundo ele, são lideranças que não têm habilidade de relacionamento, não aceitam idéias, querem ser estrelas e impedem o crescimento do funcionário.

Para o professor de Administração da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), Rafael Bittencourt, o motivo da acomodação está relacionado com a zona de conforto e ao perfil do profissional.

– Alguns têm aversão aos riscos e situações de desconforto, e fogem de executar algumas tarefas na empresa que ainda não dominam. O medo da crítica causa esta resistência – analisa Bittencourt, explicando, porém, que as organizações acabam abrindo espaço para os dois tipos de profissionais.

Mercado competitivo deixa os inertes para trás

Bittencourt afirma que procurar uma faculdade é um indício de que a pessoa está insatisfeita e quer se aprimorar. Maria Teresa Casagrande, gerente administrativa corporativa das empresas Randon, concorda que a acomodação dos funcionários é questão de personalidade.

– Alguns são mantenedores, executam bem suas tarefas, mas não têm ambições profissionais. Preferem evitar o trabalho e ficar onde estão.

Ela diz que as organizações têm programas de desenvolvimento e de motivação, mas que cada profissional aproveita de uma forma diferente. Segundo Maria Tereza, nem todos querem aprender inglês cinco dias por semana, por exemplo, mesmo sabendo que isto é requisito fundamental para alcançar um cargo maior.

A recrutadora da Opus Recursos Humanos, Josiane Moro, ressalta que, com o mercado cada vez mais competitivo, os profissionais inertes estão perdendo espaço e ficando para trás.

– Os mais jovens não se mantêm no emprego se estiverem acomodados. É diferente do tempo dos mais velhos, que vieram de um mercado calmo – explica Josiane.

Fonte: Zero Hora.com - valquiria.vita@pioneiro.com