ENSINO, FINANÇAS, SALA DE AULA


Finanças pessoais entram no currículo das escolas
Projeto, coordenado pela CVM e ainda sob aprovação, pretende ensinar planejamento financeiro de forma interdisciplinar a partir do ano que vem
O seu salário sobrevive até o próximo dia de pagamento? Ou as dívidas antigas e as novas compras fazem cada centavo evaporar antes mesmo de o mês acabar? Se você faz parte da maioria da população brasileira que ainda não descobriu como administrar o seu próprio dinheiro, é bom começar a ficar atento a duas questões. A primeira é que, certamente, você pode estar queimando dinheiro (isso acontece quando você decide por um financiamento com juros, entra no cheque especial ou no rotativo do cartão de crédito). A segunda questão é o exemplo que você está dando para seus filhos, sobrinhos ou até mesmo pais e familiares.

Preocupados com a pouca educação financeira do brasileiro, um grupo de organizações privadas e públicas decidiu levar a administração das finanças pessoais para a sala de aula. A idéia do projeto, intitulado Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), está em agregar o conhecimento às mais diferentes disciplinas. Os alunos entenderiam como funcionam os juros do crediário em uma aula de matemática; descobririam a volatilidade do mercado de ações na classe de história; seriam apresentados às expressões do financiamento imobiliário pelo professor de português.

O objetivo é dotar as crianças de habilidades para que elas possam tomar as melhores decisões pessoais com relação ao seu dinheiro. “Isso mudará a cultura da população de como lidar com o consumo”, diz José Alexandre Cavalcanti Vasco, superintendente de Proteção e Orientação ao Investidor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que coordena o projeto. “É importante que as pessoas recebam informações para terem consciência na hora de consumir e de comprar produtos financeiros”, afirma Vasco. A proposta segue o exemplo da Austrália, Reino Unido, Estados Unidos, França e Espanha que já lançaram a estratégia em seus países.

Dificuldades
Disseminar a educação financeira de forma interdisciplinar não é tarefa fácil. “A única forma de tornar a nossa sociedade melhor informada financeiramente é inserindo os conceitos nas disciplinas que já existem. Esse é o maior desafio”, diz. Para o preparo dos professores, será disponibilizado um material de apoio preparado pelas entidades envolvidas, além do desenvolvimento de um site que disponha de cursos de e-learning como complemento das atividades. No site www.vidaedinheiro.gov.br, criado pela coordenação do projeto, os interessados pela idéia poderão dar sugestões e trocar experiências de educação financeira no Brasil e mundo.

A Estratégia Nacional de Educação Financeira foi criada pela CVM e está em processo de aprovação pelo Coremec (Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiro, de Capitais, de Seguros, de Previdência e Capitalização). O grupo, que é coordenado pela CVM, possui representantes do Banco Central, da Superintendência de Seguros Privados, da Secretaria de Previdência Complementar, do Ministério da Educação e instituições privadas. A previsão é que o projeto seja implementado já no ano que vem.

Fonte: G1

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