AS ELEIÇÕES ESTÃO CHEGANDO


As eleições estão chegando. Estão chegando as eleições
No dia 4 de novembro, serão decididas as eleições presidenciais americanas. De um lado, o candidato democrata, senador Barack Obama. Do outro, o republicano, senador John McCain. Em pouco tempo, todos os setores da atividade econômica se perguntarão como isso pode afetar suas respectivas rentabilidades, custos e capacidades produtivas. Com as commoditites isso não é diferente.

Como as eleições podem afetar o mercado de bens primários? Temos dois instrumentos que nos auxiliam na árdua tarefa de previsão da dinâmica das commodities na eventualidade de uma vitória democrata ou republicana: o histórico dos ativos sob as diferentes gestões e as propostas dos candidatos.

As propostas dos candidatos podem ser muito úteis em alguns aspectos. Se ambos estão utilizando, em suas plataformas, suas reais intenções ao assumir o poder, há uma tendência clara de pressão sobre as cotações na eventualidade de vitória do senador McCain, uma vez que os republicanos advogam por uma continuidade da política de corte de impostos.

"Períodos de governos republicanos apresentam correlação positiva com petróleo"
Isso afeta os preços do petróleo de duas formas: (i) com o alargamento dos déficits fiscais, o dólar se enfraquece, pressionando o petróleo; (ii) embora não seja desejável, o aumento do déficit fiscal tem impacto positivo, de curto prazo, sobre o crescimento. Isso também favorece a alta dos preços do petróleo.

Corroborando a análise dos candidatos da eleição de 2008, a história nos diz que períodos de governos republicanos apresentam uma correlação positiva com os preços de algumas commodities, como ouro e petróleo. Comparando a rentabilidade do ouro com a bolsa americana, por exemplo, tivemos um ganho relativo de aproximadamente 17% desde 1988 até hoje, e de 3% desde 1972. Enquanto que, sob governos democratas, a rentabilidade do ouro foi 12% e 21% menor do que da bolsa nos períodos de 1972-2008 e 1988-2008, respectivamente.

A mesma conta pode ser realizada comparando o setor de energia na bolsa americana com o índice, desde 1984. Sob gestões presidenciais republicanas, o setor de energia teve uma rentabilidade 4% superior ao índice. Enquanto que, com um presidente democrata, a variação se inverte: -4,3%. Esse resultado decorre do fato de as duas últimas guerras americanas no Oriente Médio terem ocorrido na gestão de um republicano, o que gerou um forte impulso ao petróleo. Essa diferença aumenta ainda mais se alongarmos o prazo de comparação para o período anterior à primeira crise do petróleo (1973), quando havia um republicano (Richard Nixon) no salão oval.

Assim, como se não bastassem os fundamentos da demanda e oferta, geopolítica e sobre a real relevância dos especuladores no mercado, as eleições entram como mais um fator de incerteza para as cotações das commodities no curto e longo prazo.

Ivo Chermont é economista da Modal Asset Management e escreve mensalmente na InfoMoney, às terças-feiras.
ivo.chermont@infomoney.com.br