Dinheiro compra, sim, felicidade. Saiba como
Quem gasta com outras pessoas sente-se mais feliz do que aqueles que compram bens para uso próprio
Dinheiro pode comprar felicidade? A pergunta já motivou uma enorme quantidade de estudos, boa parte dos quais afirma que a influência do dinheiro sobre a felicidade das pessoas é muito pequena ou quase nula - a não ser que elas vivam na pobreza extrema. Uma pesquisa publicada na revista Science responde à antiga pergunta de forma surpreendente. O dinheiro traz, de fato, felicidade, desde que seja gasto com outra pessoa. `Nossas descobertas mostram que um pequeno gasto com outros basta para produzir um ganho de felicidade`, afirmam pesquisadores da Harvard Business School e da University of British Columbia.
O estudo dos professores Michael Norton, Elizabeth Dunn e Lara Aknin é resultado de uma série de pesquisas nos Estados Unidos. Uma delas foi realizada com funcionários de uma indústria do setor farmacêutico instalada em Boston. Os pesquisadores mediram, por meio de questionários, o grau de felicidade dos funcionários antes e depois de receberem bônus da empresa que variavam entre US$ 3 mil e US$ 8 mil. Foi constatado que o tamanho da gratificação não alterava a felicidade dos beneficiados. A maneira de gastar o dinheiro é o que importava. Os que doaram parte do bônus para instituições de caridade ou o gastaram com presentes para outras pessoas sentiram-se mais felizes do que aqueles que compraram objetos para o próprio usufruto. Em outra pesquisa, foram distribuídos de US$ 5 a US$ 20 a universitários. Alguns deveriam gastar com si mesmos e outros, com terceiros. Os resultados foram iguais aos do levantamento anterior.
`Quem ajuda os outros recebe tantos benefícios que costumo pensar que não há ato mais egoísta do que uma ação generosa`, afirma Tal Ben-Shahar, autor do livro Happier (`Mais feliz`), em entrevista ao jornal americano The Boston Globe. Durante uma semana, o professor de psicologia da Universidade Harvard pediu a seus alunos que fizessem pequenos atos de bondade durante o dia, como dar dinheiro para os sem-teto, ligar para os avós ou ser gentil com os garçons. `O efeito dessas ações foi impressionante, durou bem mais do que um dia`, afirma Ben-Shahar.
Sonja Lyubomirsky, professora de psicologia da Universidade da Califórnia e autora do livro The How of Happiness (`A explicação da felicidade`), acredita que os resultados publicados na Science se expliquem pelo fato de as pessoas se sentirem mais felizes ao ter alguma experiência do que com a posse de um bem. A felicidade conquistada com a compra de uma casa ou de uma TV de plasma diminui à medida que o comprador se acostuma com essas posses. Levar um amigo para almoçar gera, paradoxalmente, um sentimento positivo mais duradouro. Sonja acha ainda que o exercício da bondade faz com que fiquemos felizes ao perceber que os outros manifestam gratidão com a nossa generosidade.
Os autores do estudo publicado na Science dedicam-se agora a descobrir como as empresas que praticam a filantropia podem ser criativas nas suas ações. Os primeiros resultados sugerem que o mais inteligente é dividir a verba reservada para essa finalidade entre os funcionários e dar a eles o poder de escolher quais as entidades beneficiadas. As empresas ganharão, afirmam os estudiosos, ao contar com colaboradores mais felizes.
Science – Revista semanal da Sociedade Americana para o Progresso da Ciência. É a publicação científica mais importante do mundo, junto com a britânica Nature. Já publicou artigos do físico Albert Einstein e do astrônomo Edwin Hubble.
Fonte: G1
Comentários