Geração de empregos para jovens é menor do que média geral
Mercado exige cada vez mais experiência e especialização
Geração recorde de vagas com carteira assinada e redução da taxa de desemprego nas principais regiões metropolitanas.
Com esse cenário positivo, seria de se esperar que o jovem teria mais facilidade de conseguir ocupação. Porém, criar emprego para pessoas na faixa entre 16 e 24 anos nas grandes cidades brasileiras permanece um desafio.
O ritmo de expansão do número de jovens ocupados foi quase quatro vezes menor do que o crescimento geral (confira quadro). Na avaliação de Cimar Azeredo, gerente da pesquisa mensal de emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o dado reflete o menor crescimento da população nessa faixa etária. De fato, a fatia dos jovens na população em idade ativa cresce num patamar abaixo do índice geral. Isso ocorre, segundo Azeredo, devido à mudança na estrutura demográfica brasileira, com aumento do número de idosos e desaceleração na expansão da população abaixo de 24 anos.
Apesar dessa influência, Azeredo admite que a recuperação mais lenta na ocupação dos jovens está vinculada, sobretudo, à dificuldade desse grupo de conseguir emprego em um mercado de trabalho cada vez mais marcado pela exigência de experiência e especialização. Carlos Henrique Corseuil, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), lembra que a dificuldade de conseguir vaga é uma questão estrutural e anterior ao atual governo.
— O fato de o sistema universitário estar expandindo é uma possível solução, mas demora — disse Corseuil.
Lançado com estardalhaço pelo governo federal em julho de 2003, o Primeiro Emprego foi assumido como fracasso no ano passado. Dados como os do IBGE mostram a ineficiência da iniciativa. O mote do programa era conceder incentivos para empresas que contratassem jovens na faixa etária de 16 a 24 anos. No segundo semestre de 2007, o governo anunciou que o Primeiro Emprego seria substituído por outros programas. Segundo Azeredo, essas iniciativas também têm sido insuficientes, devido especialmente à dificuldade de resolver os problemas em termos regionais:
— É difícil encontrar o caminho.
Azeredo propõe a disseminação de cursos técnicos de formação.
Corseuil lembra que parte da população tende a ficar mais tempo no mercado, para se manter ativa ou complementar a aposentadoria, o que tira vagas dos jovens. É nesse ponto, avalia, que está um dos principais desafios: como beneficiar os que estão entrando sem prejudicar aqueles que já têm experiência e emprego.
ZERO HORA
Comentários