TRABALHO


O preço do sonho
A experiência de algumas pessoas mostra que
é possível viver bem fazendo o que se gosta
Rachel Verano
Você abriria mão de um salário de 15.000 dólares por mês pela vida incerta de dono de uma pousada na praia? E que tal abandonar a medicina para viver de um veleiro que faz passeios turísticos pelos pontos mais badalados do litoral do Rio de Janeiro? Foi exatamente isso que fizeram o engenheiro Francisco Weiss Neto e o médico Roberto Itoo. Weiss pediu demissão do Citibank, onde chegou a ocupar postos elevados no departamento de crédito da matriz, em Nova York, para abrir sua pousada na Praia de Maresias, no litoral norte de São Paulo. Itoo deixou a medicina para transformar em profissão sua vontade de viver junto do mar. Os dois fizeram o que muitos sonham, mas poucos se atrevem. Abriram mão de bons empregos para viver do que realmente gostam.
Ter um emprego estável e uma posição de destaque, com benefícios e dinheiro certo no final do mês, é, com certeza, o desejo de muita gente. Um sonho legítimo. Mas, por incrível que pareça, quanto mais alta é a posição do profissional dentro da organização maior tende a ser seu grau de insatisfação com o trabalho. Os dados de uma pesquisa realizada pela Hay, uma das mais respeitadas empresas de consultoria em recursos humanos do Brasil, mostram que a insatisfação dentro das organizações é alta. A pesquisa, concluída em junho passado, ouviu 17.000 profissionais de quarenta grandes empresas brasileiras. Todos com diploma universitário. Menos da metade dessas pessoas, 48%, consideram suas aspirações profissionais atendidas pela empresa e somente 52% se sentem valorizadas. Entre os profissionais que procuram a BRM, empresa paulista de recolocação de executivos, 60% estão empregados, mas insatisfeitos. "As pessoas estão mais inquietas, indo atrás do que realmente dá mais prazer", diz Marcelo Roemer Ferreira, diretor da BRM.
É entre os profissionais empregados, sem problemas aparentes no trabalho, mas insatisfeitos, que estão os que sonham largar tudo para realizar suas aspirações.
Fonte: Veja