O SEGREDO DO PODER


As novas fronteiras
da inteligência

A inteligência emocional caiu em descrédito,
mas a psicologia atual mostra que existem
mesmo diversos tipos de poder intelectual


Okky de Souza

Leonardo da Vinci foi o maior dos polímatas, ou seja, atuava com brilho em diversas áreas do conhecimento. Como pôde alguém reunir tantas qualidades intelectuais e artísticas? Que explicação tem a ciência para o fenômeno Da Vinci? A resposta está nas descobertas feitas pela psicologia nas últimas duas décadas ao tentar desvendar o que é exatamente a inteligência humana. Com base nessas descobertas, e utilizando-se a terminologia que elas consagraram, pode-se afirmar que o gênio da Renascença não apenas era um polímata, mas suas diversas inteligências conversavam entre si, em um diálogo de neurônios tão fenomenal quanto raro. Essa habilidade de colocar para trabalhar em harmonia áreas distintas do cérebro já foi explicada de diversas maneiras. A mais recente é física. A hipertrofia da área nervosa do cérebro que faz a junção entre os hemisférios direito e esquerdo seria a responsável, em parte, pela emergência de fenômenos como Leonardo da Vinci.

A psicologia clássica, sistematizada no fim do século XIX, sustenta que a inteligência pode ser medida pela capacidade da pessoa em resolver questões lingüísticas e matemáticas. A partir dessa premissa, criaram-se os testes de quociente de inteligência, ou QI, atualmente em desuso. Hoje, sabe-se que a inteligência não é uma entidade una, traduzível em índices. Há vários tipos de inteligência, cada uma aplicada a um campo do conhecimento ou da atividade humana. "As pessoas têm dentro de si todos os tipos de inteligência, mas desenvolvem cada um deles em grau diferente", diz Howard Gardner, psicólogo americano, da Universidade Harvard, um dos teóricos dessa nova corrente. Em resumo: nenhum ser humano é intrinsecamente mais capaz do que seu vizinho – ele apenas explora melhor determinadas inteligências que lhe foram conferidas pela natureza.

Na última década, a questão da natureza da inteligência foi alvo de vários estudos. Em 1995, o psicólogo e jornalista americano Daniel Goleman causou furor com o livro Inteligência Emocional, que vendeu 5 milhões de cópias em trinta idiomas. Goleman alega que o equilíbrio emocional é tão vital para o sucesso na vida como a formação intelectual. Vazada em autêntico estilo auto-ajuda, a obra nunca foi aceita pelos estudiosos acadêmicos. Já a teoria das inteligências múltiplas, erguida com sólida base científica, explica como alguns conseguem chegar tão longe.
Fonte: Veja