SEBRAE

Pela primeira vez, o nível de empreendedorismo das mulheres ultrapassou o dos homens. O dado foi constatado na pesquisa GEM 2007 (Global Entrepreneursip Monitor), estudo que mede as taxas de empreendedorismo mundial e foi divulgado pelo Sebrae nesta quarta-feira (19).

No ano passado, as brasileiras representavam 52% dos empreendedores adultos, com idades entre 18 e 64 anos, invertendo uma tendência histórica, se considerados os resultados obtidos entre 2001 e 2007. Por exemplo, em 2001, os homens representavam 71% do total de empreendedores contra os 29% correspondentes às mulheres.

Entretanto, o estudo também revela que, em 2007, a mulher supera a participação do homem nos empreendimentos de estágio nascente (53%) e nos empreendimentos novos (52%), porém, é minoria nos empreendimentos estabelecidos (38% contra 62%).

Além disso, a necessidade ainda é um fator marcante de motivação para a mulher iniciar o empreendimento. Enquanto 38% dos homens empreendem por necessidade, essa proporção aumento para 63% no caso das mulheres.

Comparação com outros países
Em 2007, as brasileiras ocuparam o 7º lugar no ranking mundial como as mulheres mais empreendedoras, com uma taxa de 12,71%, que corresponde a 8 milhões de pessoas. Liderando o ranking estão Peru (26,06%), Tailândia (25,95%), Colômbia (18,77%), Venezuela (16,81%), República Dominicana (14,50%) e China (13,43%). Os últimos lugares foram ocupados por Letônia (1,41%), Rússia (1,64%), Áustria (1,84%), Bélgica (1,98%) e França (2,21%).

Os dados estão de acordo com resultados da Pnad 2006 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), que indicam que as mulheres buscam, cada vez mais, fontes para complementar a renda familiar. Além disso, nos últimos anos, elas vêm assumindo de forma crescente o sustento do lar.

Atividades
De acordo com a pesquisa, 37% das mulheres desenvolvem mais atividades no comércio varejista (artigos de vestuário e complementos), 27% na indústria de transformação (confecções, fabricação de produtos alimentícios, fabricação de malas, bolsas, valises e outros artefatos para viagem de qualquer material) e 14% na atividade de alojamento e alimentação.

Quanto ao fato delas serem maioria na liderança de empreendimentos em estágio nascente e nos empreendimentos novos, mas perderem para os homens entre os empreendimentos estabelecidos, a pesquisa demonstra duas tendências: pode ser que ela encontre barreiras para transformar seu empreendimento em uma atividade consolidada no mercado, ou isso denota a entrada mais recente da mulher na atividade empreendedora. Afinal, os novos empreendimentos ainda não tiveram tempo para consolidar-se no mercado.

Para o diretor-técnico do Sebrae Nacional, Luiz Carlos Barboza, as mulheres têm conquistado espaço não só no mundo dos negócios, como também em todos os campos da atividade humana.

"Creio que, com o esperado crescimento da economia brasileira nos próximos anos, também poderemos assistir essa reversão entre as mulheres empreendedoras. É de se esperar que gradativamente ocorra uma diminuição do empreendedorismo por necessidade entre as mulheres", afirma.