ESCOLA

A polêmica da Progressão Continuada
Para a família, garoto da 4ª série teria defasagem no ensino. Caso está em
Jundiaí, no interior de São Paulo.
Os pais de um estudante da quarta série do ensino fundamental entraram
na Justiça para que seu filho fosse reprovado. Para os pais, a criança, que
estuda em uma escola municipal de Jundiaí (a 60 km de São Paulo), tem muita
dificuldade com os textos e com matemática e não teria condições de chegar
à quinta série.
O processo mostra a resistência da família contra a progressão continuada
(aprovação automática) implantada na rede pública.
A ação corre em segredo de Justiça e nem o nome da criança nem a escola
foram divulgados. No entanto a advogada dos pais procurou o Ministério Públi-
co de Jundiaí e relatou o caso.
"A diretora da escola concordou com a mãe do garoto [de que ele tinha defici-
ências no estudo], mas disse que não podia fazer nada", contou o promotor da
Infância e Juventude de Jundiaí, Mauro Vaz de Lima. "A diretora ainda disse
que o filho poderia ser reprovado por faltas. Só que, se o filho faltasse
muito na escola, a mãe seria procurada pelo Conselho Tutelar".
Para o promotor, esse tipo de ação tem fundamento. "Existe o princípio
de que a criança tem direito a uma educação de boa qualidade", afirma. "Nes-
se processo, o que é necessário é detectar se existe mesmo essa deficiência
de aprendizado do aluno por educadores", explica.
A Secretaria de Educação de Jundiaí afirmou, entretanto, que o processo já
foi extinto e que não há mais pedido para reprovação.
"Tivemos um caso em que foi feito o pedido e a família desistiu da ação",
afirmou Solange Miguel Almeida Souza, diretora de Administração Escolar no
município. No entanto, o G1 confirmou com o juiz do processo, Jefferson
Bardin Torelli, que a ação continua em andamento.

Entenda o que é a progressão continuada
Sistema de ciclos tem reprovação apenas ao final de período. Redes de
ensino têm liberdade para adotar o sistema que preferirem.
A progressão continuada é um procedimento já adotado em vários estados
e municípios, no qual o aluno não fica reprovado de ano em ano, mas sim, ao
final de ciclos, caso não tenha conseguido rendimento suficiente.
A idéia é que, durante um ciclo, o estudante seja constantemente avaliado.
O professor tem de ser bem preparado para verificar as necessidades de cada
um na turma. Se notar que há dificuldades, o docente deve auxiliar o aluno a
procurar formas de recuperar o conhecimento que ficou para trás (como aulas
de reforço, programas de recuperação).
Na rede estadual de São Paulo, o ensino era organizado em dois ciclos:
de 1ª a 4ª série, e de 5ª a 8ª série. Ou seja, só poderia repetir na 4ª e na
8ª. A partir deste ano, a secretaria aumentou a quantidade de ciclos, então
o estudante pode ficar retido na 2ª, 4ª, 6ª e 8ª séries.
"A rede estadual ou municipal tem liberdade para escolher o sistema. Pernam-
buco, por exemplo não tem ciclos na rede estadual, mas a rede municipal de
Recife tem. São Paulo adota o sistema de ciclos", explica o professor Mozart
Neves Ramos, do Conselho Nacional de Educação.

FONTE: SchNwews.