DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO

Vai usar o 13º salário para trocar de carro? Veja que cuidados tomar
Primeira parcela do benefício começa a ser paga ainda este mês.
Dica é não se endividar com as taxas do começo do ano.
O 13º salário, que começa a ser pago por muitas empresas a partir do próximo dia 20 de novembro, é aguardado por quem quer trocar de carro.
As provas estão nos números: em 2006, as vendas em novembro e dezembro foram 26% maior do que nos outros meses do ano. Nesse período, foram emplacadas 204,8 mil unidades, na época, um recorde, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). A expectativa do mercado é de aumentar ainda mais esta marca, uma vez que as vendas ao longo do ano aumentaram em relação a 2006.
Mas será que vale a pena investir o dinheiro do 13º salário na compra de um veículo? Ou o melhor é depositar em um fundo de investimento e deixar a grana render até ter uma quantia maior e pagar à vista? E quem sabe comprar o automóvel sem usar o benefício e garantir uma reserva no banco para uma emergência?
A paulista Janaína Azzoni, por exemplo, optou pela primeira alternativa. “Vou juntar todo o dinheiro que receber, mais o valor da venda do meu Celta e dar uma entrada maior num modelo Flex”, diz. Na tabela, o carro vale R$ 15 mil e o que Janaína quer comprar R$ 27 mil. Ainda sim, somando o benefício, a divida seria de R$ 10 mil que, segundo a jornalista, “teriam que ser pagas em parcelas de no máximo R$ 300,00”.
Para o consultor financeiro Alexandre Lagnos, essa não é a melhor escolha. `O ideal é guardar o benefício do 13º salário em um fundo de investimento, mesmo que renda 1% ao mês, semelhante à taxa de juros dos financiamentos, e comprar o carro a partir do final do primeiro trimestre de 2008`.
O consultor usa como argumento a desvalorização do veículo pela virada do ano e os impostos que o proprietário terá que pagar ainda em 2007 e os de 2008, que vencerão já no primeiro trimestre.
O especialista em matemática financeira, Marcos Crivelaro, professor da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap), discorda. Crivelaro recomenda, sim, usar o saldo o mais rápido possível e comprar o carro em novembro ou dezembro. `É a oportunidade de dar um `upgrade` junto com o valor do carro antigo`. Para Crivelaro, `o brasileiro não tem o hábito de aplicar o 13º e costuma gastar tudo antes de março`, ressalta.
Financiamento abaixo de 30% do orçamento doméstico
Em comum, os dois consultores alertam que, independentemente de fazer o negócio agora ou no próximo ano, só vale trocar de carro se a pessoa não tiver nenhuma dívida e se o valor do financiamento não comprometer mais do que 30% do orçamento liquido. Nesse caso, segundo eles, o ideal é comprar um veículo mais simples ou andar de ônibus.
Além das dicas dos especialistas financeiros, vale tomar alguns cuidados para não cair em tentação e comprar por impulso ou para aproveitar alguma promoção. O primeiro é avaliar o ano da fabricação do veículo. Para `queimar o estoque`, as montadoras vendem carros 2007/07 (ano de fabricação nem sempre é o mesmo ano do modelo), como se fossem zero. `Cair nesse imbróglio é muito freqüente`, ressalta Alexandre. Mesmo com os descontos de 3 a 4% oferecidos pelas empresas, a diferença custo/benefício em relação ao modelo novo é pouco. “O certo é comprar um modelo 2007/08)”, recomenda.
Além disso, daqui menos de dois meses vai virar o ano e, independente da quilometragem, o carro perderá quase 5% do valor. Isso sem contar que, ao tirar o veículo da loja, ele já desvalorizou mais 15%. Ou seja, em dois meses, o valor do carro será depreciado em 20%.
Atenção ao IPVA e ao seguro
O IPVA também é um alerta para quem pretende passar o ano novo de carro zerinho. Lembrar das taxas pode estragar a festa. `As companhias prometem pagar o IPVA, mas nunca é assim. Sempre pagam só uma parte, uma parcela, ou algum valor proporcional ao ano em exercício, e não ao próximo ano`, explica Alexandre Lagnos. “Para piorar, as parcelas do IPVA chegam juntas com a do IPTU”, diz Marcos Crivelaro.
Outro fator de risco são os seguros. Em alguns casos os corretores aplicam em 2007 os reajustes programados para 2008. Por isso, o ideal é consultar diversas corretoras até encontrar não só o melhor preço, mas também a melhor cobertura para o automóvel.
Importante também é avaliar os valores e fazer a comparação de preços. As grandes redes não devem ser a única fonte de pesquisa: lojas menores podem oferecer condições melhores, por terem custos mais reduzidos. “Atenção até para os carros da mesma montadora. Às vezes vale comprar um modelo inferior, porém mais completo do que um superior, mas com ítens básicos”, explica Alexandre.
E por último, segundo os especialistas, jamais dizer para o vendedor o quanto você pode pagar. “Em muitos casos, por exemplo, a parcela poderia ser de R$ 400, mas o consumidor disse que pode pagar até R$ 500, e o vendedor abusa”, diz Alexandre.
Fonte: G1 - Portal de notícial da Globo