Feira do Empreendedor do Sebrae-RS, na Fiergs.



Feira do empreendedor impulsiona novos negócios



Interesse de novos investimentos cresceu com a estabilização da economia

 As irmãs Beatriz Espíndola e Rosemari Soares cansaram de ser empregadas e agora querem comandar o próprio negócio. Para isso, a dupla chamou a amiga Nídia Silva para compor uma sociedade. A história é semelhante à de muitos brasileiros que largaram a estabilidade de um ofício fixo a fim de empreender. O diferencial do trio, no entanto, está na preparação para tirar a ideia do papel. Antes de fazerem a escolha definitiva sobre o perfil da futura empresa, elas foram buscar consultoria na Feira do Empreendedor do Sebrae-RS, que ocorre até domingo na Fiergs. 

 Interessadas em montar uma loja de roupas, Beatriz, Rosemari e Nídia percorreram estandes, visitaram a loja-conceito do evento e se cercaram de informações que ajudarão a sustentar o estabelecimento a ser montado. O desejo de ser patrão é antigo, mas só agora será realizado. Rosemari criou um CNPJ 15 anos atrás, mas não chegou a abrir a companhia. Por isso, todos os cuidados estão sendo adotados pelo trio para que a expectativa elevada não se torne desilusão. “Vamos esperar para abrir a loja em março de 2013, pois, até o início do próximo ano, o movimento na cidade não é tão bom. Queremos abrir uma loja que brilhe e, quem sabe, tenha franquias no futuro”, planeja Beatriz.

 Além de ser um nascedouro de novas empresas, a Feira do Empreendedor também desperta a atenção de quem já é empresário. É o caso de Thiago Mattos, que se deslocou desde Encruzilhada do Sul para pegar dicas sobre linhas de crédito e assistir a palestras. Há seis anos dono de um ponto de venda de plásticos na cidade do Interior gaúcho, Mattos se formalizou no início de setembro e começa a pensar em expansão. “Quero vender para mais cidades. Precisarei investir R$ 50 mil em maquinário, então passei em todos os estandes de bancos para verificar as condições”, afirma. 

 Por ter se tornado um Micro Empreendedor Individual (MEI) recentemente, Mattos diz que novas portas se abriram para sua companhia. Os clientes começam a aparecer em maior quantidade, o crédito se tornou mais acessível e, nos próximos meses, o faturamento deve dar um salto. Hoje, o estabelecimento dele fatura, em média, R$ 2,5 mil. “Até o final do ano, conseguiremos incrementar uns R$ 1 mil no faturamento mensal. A longo prazo, queremos chegar a R$ 60 mil por ano, que é o limite do MEI”, comemora. 

 O superintendente do Sebrae-RS Léo Hainzenreder, credita o crescente interesse pelo empreendedorismo à estabilização econômica do País e à consolidação da chamada nova classe média. Mesmo assim, ele constata que muitos postulantes a empresário no Brasil ainda pecam em aspectos básicos na concepção de uma ideia. “É preciso estruturar um plano de negócios, mas também é necessário se preparar para agir quando as primeiras adversidades aparecerem”, recomenda. Além disso, a busca por diferenciais de mercado é essencial para a competitividade. “Hoje em dia, não se consegue inventar a roda. Por isso, o segredo é diferenciar o negócio em relação aos que já estão estabelecidos no mercado.”

 Antes de investir, Hainzenreder recomenda que o empreendedor se faça uma série de questões para chegar ao almejado diferencial: Qual o público alvo? Qual o capital necessário para abrir a empresa? Em quanto tempo o aporte inicial vai ser reavido? Quem são os concorrentes? Em qual lugar o estabelecimento vai ser aberto? Qual o perfil da mão de obra a ser contratada? Desta forma, a estratégia ideal consiste em pesquisar o mercado e ficar atento às chances que aparecem. 

 Neste sentido, a Copa do Mundo é tida como uma oportunidade valiosa. “Essa é uma possibilidade para novos produtos, projetos e para que se atinja novos públicos”, defende Amanda Paim, coordenadora do programa Sebrae 2014 no Estado. A dirigente, porém, lamenta que nem todos estejam pensando assim. “O empresário precisa fazer o dever de casa o quanto antes. Alguns empreendedores estão achando que a Copa vai ser só mais um ‘eventinho’. Esses vão deixar passar a oportunidade de crescer”, menciona.

JORNAL DO COMÉRCIO