Aspectos históricos
As terras de Montenegro estavam entre as primeiras a serem desbravadas por portugueses e espanhóis após o descobrimento do Brasil. O rio Caí foi importante rota para mercadores espanhóis que subiam o rio da Prata e portugueses, vindos da Lagoa dos Patos pelo rio Jacuí. Os desbravadores faziam incursões terrestres, com o objetivo de explorar e dominar terras, além de procurar índios para usá-los como mão de obra na mineração e engenhos de açúcar nas capitanias do Norte.
Os ibiraiaras
Montenegro está na região que os indígenas denominavam Ibiaçá, que significa Travessia do Caminho do Rio. Esta região abrangia desde a ilha de Santa Catarina até a margem esquerda do rio Jacuí. Nela estava incluída a região de Ibiá, que se estendia entre as bacias dos rios Taquari e Caí.
Por volta de 1635 os índios ibiraiaras habitavam a região. Falavam diferentes línguas e tinham costumes diferentes dos tupis. Eram chamados de bilreiros, por usarem nos lábios botoques semelhantes a bilros. Usavam grandes tacapes, manejados com perícia.
As bandeiras e a Colônia de Sacramento
Aproximadamente em 1636 surgiram os bandeirantes paulistas, entre eles Antônio Raposo Tavares, e destruíram grande parte das aldeias. Isso obrigou os jesuítas a se retirarem para a margem direita do rio Uruguai.
Em 1680 foi fundada a Colônia do Sacramento, no atual território do Uruguai, à margem esquerda do rio de mesmo nome, que viria a estimular o desenvolvimento da capitania de São Pedro do Rio Grande, a qual formaria depois o estado do Rio Grande do Sul. Atraídos pela riqueza e fartura das terras, os tropeiros, suas famílias e escravos se estabeleceram definitivamente. Criaram as invernadas, que se transformavam em estâncias.
Os açorianos
A colonização dos açorianos
iniciou uma nova era de desenvolvimento no Rio Grande do Sul. Mostravam
disciplina e dedicação ao trabalho, através da exploração da agricultura, pecuária, navegação e pesca. Dominavam a carpintaria, luminária e ferraria, além da alfaiataria e o tear. O couro era muito utilizado na confecção de cobertores, camas, parte interna das casas, cadeiras, botas e roupas de trabalho.
Os portugueses Antônio de Sousa Fernando, Bartolomeu Gonçalves de
Magalhães e Antônio José Machado de Araújo e suas famílias, foram os
primeiros a se instalar no município de Montenegro, à margem direita do
rio Caí, na década de 1730 a 1740.
A primeira moradia construída na sede foi a de Estêvão José de Simas, por volta de 1785, na colina onde se encontra hoje a Escola Delfina Dias Ferraz.
A casa era de pedras, coberta com telhas - raras na época. Foi
edificada por José de Araújo Vilela e mais tarde, habitada por Tristão
José Fagundes, genro de Simas e fundador da cidade.
Alemães, italianos e franceses
Após os primeiros colonizadores portugueses e paulistas, vieram os imigrantes alemães, italianos e franceses.
Em 1824
chegou o primeiro grupo de imigrantes alemães em pequeno número, num
total de 126 pessoas. Alguns meses depois vieram mais 157 famílias, com
909 pessoas. Em uma segunda etapa da imigração, por volta de 1857,
aportaram aqui imigrantes alemães e italianos em quantidade
considerável. Eles se destacaram pela economia agrícola e suinocultura.
Os franceses vieram em menor número e desenvolveram principalmente o
artesanato.
O porto da cidade sobre o rio Caí era ponto de desembarque das
famílias de imigrantes que vinham de Porto Alegre em direção as novas
colônias. Eram conduzidas provisoriamente para um galpão grande, situado
numa chácara onde hoje está instalado o Parque Centenário. Em função
desta parada, muitas famílias não seguiram adiante, preferindo ficar na
região.
A Revolução Farroupilha
Em 1835 os gaúchos se rebelaram contra a monarquia, dando início a mais longa guerra civil do Brasil, que durou 3.466 dias. Durante a Revolução Farroupilha,
o território de Montenegro se tornou passagem obrigatória das tropas,
causando grandes prejuízos às estâncias, que eram saqueadas e perdiam gado, cavalos e mantimentos.
A ferrovia
A cidade contava com uma linha da Rede Ferroviária Federal, vinda do braço de São Leopoldo, tendo sido inaugurada em 1909.
A linha férrea levou progresso e desenvolvimento a toda a região. Foi a
viação férrea que deu largo impulso a outros municípios da região, tais
como Maratá, Salvador do Sul e Barão que eram parte de Montenegro.
A Estação férrea de Montenegro expandiu-se, recebeu reformas e melhorias em 1932 e depois de novo em 1950. O movimento de cargas e passageiros nesta região do rio Caí foi desativada no final da década de 1960.
Atualmente o prédio da estação Montenegro está sendo restaurado para
abrigar um centro cultural na cidade. Quando estiver pronta a obra de
restauração, deverá estar à disposição da comunidade um amplo complexo
de lazer e cultura com cerca de 45 mil metros quadrado
História política
Sua primeira designação foi a de Porto das Laranjeiras integrando o 2º Distrito da Vila de Triunfo. A partir da Lei nº 630, de 18 de outubro de 1867, passou a denominar-se freguesia de São João do Monte Negro.
Em 1873
as 33 vilas existentes no Estado foram, por força da evolução da
legislação e das Constituições, se transformando em municípios. Neste
mesmo ano é criada oficialmente a Vila de São João do Monte Negro, no
dia 5 de maio, através da Lei nº 885. Porém a sua instalação como Vila e sede, aconteceu somente no dia 4 de agosto de 1873, com o desmembramento da Vila de Triunfo.
A primeira Câmara Municipal de Montenegro foi instituída em 1873, composta por sete vereadores eleitos, tendo como presidente da Intendência José Rodrigues da Rosa.
Em 14 de outubro de 1913, pelo Decreto nº 2.026, a então vila de São João do Monte Negro foi elevada a categoria de cidade, já então com a denominação de São João de Montenegro.
Em 31 de março de 1938, pelo Decreto nº 7.199 o município já denominado Montenegro foi dividido em onze distritos: Montenegro, Maratá, Harmonia, Barão, Bom Princípio, Estação São Salvador (atual Salvador do Sul), São Vendelino, Tupandi, Brochier, Poço das Antas e Pareci Novo.