Saúde = Água Pública + Saneamento


   Na noite de ontem compareceram à Assembléia Legislativa para o Ato da Água Pública centenas de pessoas de várias partes do Rio Grande do Sul – destaque para as delegações de Santa Cruz e de Pelotas, que fretaram um ônibus cada uma. Intervenções vigorosas e qualificadas, antes e após a projeção do filme, destacaram a necessidade de esclarecermos a população sobre risco que corremos. Arnaldo Dutra, presidente da CORSAN, lembrou que as cidades que intentam privatizar sua água se encontram, ‘coincidentemente’, sobre o Aquífero Guarani, maior reserva de água subterrânea do mundo. Amigos, a Guerra da Água já se iniciou no território gaúcho. E justamente quando na Europa o Estado tem retomado os serviços de água que tinham sido privatizados. O caso de Paris é o mais emblemático, pois na sede das duas maiores transnacionais da água do planeta, (Lyonnaise des Eaux – Grupo Suez, e Générale des Eaux – Grupo Veolia, ex-Vivendi), ambas perderam a concessão da capital francesa há dois anos.



Creio que a questão poderia ser melhor compreendida pela população se a conceituarmos corretamente: trata-se de uma questão de SAÚDE PÚBLICA. O mais ortodoxo neo-liberal reconhece que as funções básicas do Estado são educação, segurança e saúde. Penso que o saneamento seria beneficiado se estivesse impregnado no imaginário social como sendo uma ação de SAÚDE, mais até do que ambiental. É consenso que nessa área não se deve economizar (claro que qualificando o gasto) e que os recursos são sempre insuficientes, tendo apelo fácil novos tributos (CPMF), enquanto que a área de infra-estrutura - onde via de regra o setor costuma se enquadrar - é mais contingenciada e a tese privatista é mais forte (pedágios, tarifas, taxas). A construção de um hospital é visto como um investimento na saúde, e assim também deveria ser considerado uma estação de tratamento de esgotos, uma verdadeira clínica de saúde preventiva, um ‘posto de saúde’ equivalente a milhares de vacinas. Destacando-se ainda a noção que saneamento multiplica a economia em saúde curativa, o compromisso público – e o apoio popular pela gestão pública – se reforçaria.